Economia

Venda de terras a investidores internacionais prejudica pobres, diz ONG

A ONG britânica Terra e Poder diz haver falta de transparência na exploração e grilagem internacional de terras em países emergentes

Segundo estudo, em dez anos, pelo menos 227 milhões de hectares foram vendidos ou alugados em países em desenvolvimento para grupos internacionais (Cristiano Mariz/EXAME.com)

Segundo estudo, em dez anos, pelo menos 227 milhões de hectares foram vendidos ou alugados em países em desenvolvimento para grupos internacionais (Cristiano Mariz/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2011 às 11h45.

Brasília - A venda de terras a investidores internacionais está deixando populações pobres ainda mais vulneráveis. A avaliação é da organização não governamental (ONG) britânica Oxfam, que lançou hoje o relatório Terra e Poder, que denuncia a falta de transparência na exploração e grilagem internacional de terras em países emergentes

Em dez anos, pelo menos 227 milhões de hectares foram vendidos ou alugados em países em desenvolvimento para grupos internacionais, segundo o levantamento.

Em parte, o movimento de investidores internacionais rumo a novas terras em países emergentes é explicado pela crise mundial de alimentos em 2007-2008, que levou compradores a buscar novas áreas para aumentar a produção ou simplesmente para especular no mercado mundial.

O relatório Terra e Poder avalia episódios de grilagem de terra feitos principalmente por investidores internacionais que deixaram populações de países pobres em situação de miséria e vulnerabilidade. O informe cita casos de efeitos negativos da venda de terras sobre as populações locais em Uganda, na Indonésia, em Honduras e na Guatemala.

Em Uganda, segundo a Oxfam, pelo menos 22,5 mil pessoas perderam suas terras para dar lugar à uma empresa britânica que explora madeira, a New Forest Company. O grupo é acusado de despejar agricultores sem direito à compensação ou indenização. As famílias foram deixadas sem casa, dinheiro e serviços de saúde. Algumas ficaram sem condições de enviar os filhos à escola. A empresa nega as acusações.

Na avaliação da Oxfam, se não forem tomadas medidas para evitar o avanço da grilagem internacional de terras, a situação deve se agravar. Entre os motivos para a piora do cenário, a Oxfam lista o aumento da demanda por alimentos, dos impactos das mudanças climáticas, da escassez de água e a competição por terras para produção de insumos para biocombustíveis.

No documento, a organização sugere medidas como o fortalecimento de políticas e regulamentações de posse de terras e a garantia do direito à consulta das populações que serão afetadas com os negócios.

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