Economia

Venda de carros cresce 3,7% no primeiro semestre

Apesar do alívio para o setor, analistas e executivos ainda consideram cedo para afirmar que já há uma retomada consistente do mercado

Carros: foi o primeiro resultado semestral positivo desde 2013 (Ty Wright/Bloomberg)

Carros: foi o primeiro resultado semestral positivo desde 2013 (Ty Wright/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de julho de 2017 às 09h40.

São Paulo - As vendas da indústria automobilística no primeiro semestre, segundo dados do mercado, aumentaram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, com um total de 1.019,4 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Foi o primeiro resultado semestral positivo desde 2013.

O resultado traz um certo alívio para o setor, mas, na visão de analistas e de executivos da indústria, ainda é cedo para afirmar que já há uma retomada consistente do mercado, pois o cenário político ainda traz incertezas e o crédito para financiamento segue com restrições.

"Ainda há uma dificuldade em entender se o movimento é estrutural ou conjuntural", diz Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, especializado no setor automotivo.

Segundo ele, as vendas diretas (das fábricas para locadoras, frotistas, etc) seguem fortes - no mês passado, representaram 42% dos negócios. No varejo (das lojas para os consumidores), houve impulso de compras com a liberação dos saques de contas inativas do FGTS.

Os dois fenômenos não devem se repetir neste segundo semestre, avalia Nishida. A liberação do FGTS termina neste mês e, no caso das vendas diretas, uma vez que tiverem renovado suas frotas, os chamados clientes especiais vão reduzir as compras nos próximos meses.

A projeção da LCA é de crescimento de cerca de 2% nas vendas totais de veículos neste ano em relação a 2016. A aposta da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de aumento de 4%, após quatro anos seguidos de queda.

Estabilização

Para o executivo de uma das grandes montadoras, há sinais de melhora no mercado, mas ele prefere tratar os resultados atuais como "uma estabilização".

Em sua avaliação, a questão política, a queda dos juros, que ainda não chegou ao consumidor, e a previsão de um PIB mais fraco que o previsto levam o setor a ver os números do semestre ainda com certa cautela.

Junho

No mês passado, as vendas de veículos novos praticamente ficaram estáveis em relação a maio, com queda de 0,3%, totalizando 194,9 mil unidades. Em relação a igual mês de 2016, houve alta de 13,5%.

A venda média diária aumentou 4,4% em junho, que teve 21 dias úteis, ante maio, com 22 dias úteis. No comparativo com junho do ano passado, que também teve 22 dias úteis, o crescimento foi de 18,9%.

Apenas no segmento de automóveis e comerciais leves, que corresponde a 97% das vendas totais das montadoras, o crescimento no semestre foi de 4,2%, para 991,6 mil unidades.

Só em junho foram vendidas 189,2 mil unidades, das quais 42% foram vendas diretas. Essa categoria de negócios cresceu 10% no comparativo anual, enquanto as vendas no varejo aumentaram 2,8%.

Na quinta-feira, a Anfavea divulgará dados de produção, exportações e empregos no setor.

Usados. As vendas de automóveis, comerciais leves e veículos pesados (caminhões e ônibus) usados cresceram quase 10% de janeiro a junho, somando 5,2 milhões de unidades.

Segundo a Federação das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a maior alta ocorreu entre modelos com até três anos de uso, chamados de seminovos. Foram vendidas 2,8 milhões de unidades, 23,7% a mais ante o primeiro semestre de 2016. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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