Dia dos pais: de acordo com Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio-SP, os lojistas mostram apreensão com o volume das vendas e tentam diminuir os estoques (Renato Araújo/ABr)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2013 às 16h30.
Brasília – Os números do comércio para o Dia dos Pais revelarão um clima de cautela entre os consumidores quando forem fechados, acreditam representantes do setor varejista. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) estima crescimento de 4% nas vendas na semana anterior à data comemorativa frente a igual período de 2012.
O percentual é o mais modesto dos últimos três anos. Para a CNDL, a preferência será por compras a vista ou em poucas prestações. Já a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomércio-SP), prevê que haverá estabilidade nas vendas em agosto de 2013 com relação ao mesmo mês do ano passado.
O presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, destaca que o cenário atual, com juros altos e situação do emprego e da renda menos favorável do que em 2012, não inspira confiança aos consumidores. Além disso, o endividamento das famílias prejudica a margem de crédito que pode ser tomada.
“A alta inflação corroeu renda, deixando menos orçamento livre para o consumo. Há um problema sério de confiança do consumidor e de expansão de crédito em função do endividamento. Deve haver uma utilização menor do crediário e parcelamento em prazos menores por causa das dívidas e dos juros mais elevados”, prevê.
Segundo Pellizzaro, o valor médio do presente deve ficar em R$ 110, um pouco inferior ao de 2012, que foi R$ 130. A data é considerada a quarta melhor do ano para o comércio, atrás do Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados. Para este ano, a CNDL reduziu sua projeção de crescimento nas vendas. Inicialmente em 6,5%, no fim do primeiro semestre foi revista para 4,5%.
De acordo com Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio-SP, os lojistas mostram apreensão com o volume das vendas e tentam diminuir os estoques recorrendo a liquidações.
“Pelo que a gente tem observado, [as vendas] no máximo serão idênticas às de agosto do ano passado. As condições estão piores do que em 2012. O crédito está mais caro, o nível de endividamento mais alto e a confiança do consumidor mais baixa”, enumera.
O assessor econômico explica que a Fecomércio-SP não faz estimativa de venda para o Dia dos Pais, por tratar-se de uma data que tradicionalmente tem menos impacto nas vendas do que outras celebrações.
A entidade projeta crescimento de 2% no faturamento real para este ano em relação a 2012. "Deve ser um crescimento próximo ao do PIB [Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país]. O emprego e a renda não estão acelerando. Isso abala o consumidor, que passa a se defender restringindo compras", ressalta.
Apesar da visão negativa do varejo, o economista Bento de Matos Félix, chefe do Departamento de Economia da Upis – Faculdades Integradas, acredita que o recente recuo da inflação restabelecerá um cenário favorável ao consumo. “Pelos últimos índices divulgados, a economia está dando uma acalmada em termos de inflação.
Para o Dia dos Pais deve haver algum pico de consumo já que o brasileiro é um consumidor incondicional nessas datas. Também é acostumado a comprar a crédito. Uma boa parte da população é endividada por natureza, acha que faz parte da rotina”, diz.