Varejo: desafio de seguir recuperação apesar da redução do auxílio emergencial (Paulo Whitaker/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 09h09.
Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 11h05.
As vendas no varejo subiram 5,2% em julho na comparação com o mês anterior, ficando novamente acima das expectativas. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo período de 2019, a alta foi de 5,5%.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 1,20% no varejo na comparação com o mês anterior e de 2,2% na comparação anual.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, a alta foi de 7,2% em julho em relação a julho. Na comparação anual, o varejo ampliado subiu 1,6% e conseguiu interromper uma sequência de quatro meses em queda.
Os resultados, assim como nos últimos dois meses divulgados, vieram positivos e acima das projeções dos analistas, o que indica que o pior pode ter ficado para trás em meio à crise do novo coronavírus, que teve no segundo trimestre seu pior momento no mundo.
"O comércio varejista é o primeiro setor, reflexo do auxílio emergencial, que praticamente retornou ao seu nível pré-crise", escreveu o economista Arthur Mota em relatório da Exame Research, braço de análise de investimentos da EXAME, que afirma que há até agora no comércio uma "recuperação em V".
Outras medidas citadas como benéficas são o programa de manutenção do emprego, como cortes de horas e folha de pagamento, além do começo da flexibilização da quarentena após fechamentos mais restritos no começo da pandemia.
Maio e junho já haviam sido meses de recuperação após quedas bruscas em março e abril. Em junho, as vendas subiram 8,5%; em maio, tiveram alta recorde de 13,3% na comparação com o mês anterior (segundo os números já revisados posteriormente pelo IBGE).
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Apesar das altas, no ano, o varejo ainda está no negativo e acumula baixa de 1,8% no volume de vendas em 2020. Em 12 meses, o acumulado é de alta quase nula, de 0,2%.
O desafio é fazer as vendas continuarem subindo. Podem afetar o varejo a partir deste mês de setembro fatores como a redução do auxílio emergencial de 600 para 300 reais e uma recuperação pouco forte da criação de empregos (que, vale lembrar, já era um desafio do Brasil antes da pandemia).
Para agosto, a tendência é que a alta continue, afirma a Exame Research, com base em números positivos divulgados nas últimas semanas como aumento da venda de veículos. Mas a queda do auxílio pode ter impacto na continuidade do crescimento do comércio. "Será importante entender se esse movimento irá tirar fôlego da recuperação, ou se a retomada da confiança irá sobrepujar o efeito", diz o relatório da Exame Research (cadastre-se gratuitamente aqui para ler a análise na íntegra)
Sete entre as oito atividades que aparecem na Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE tiveram alta, com alguma recuperação após as baixas no começo da pandemia.
O único setor que não cresceu foi justamente o de supermercados e produtos alimentícios (que inclui ainda bebidas e fumo). O setor vinha crescendo mais do que os anteriores por ter sido menos impacto pelo distanciamento social e ficou em 0% de variação em julho na comparação com junho.
Ainda assim, os supermercados estão entre os poucos com crescimento em 2020. No ano, os únicos com acumulado positivo são justamente alimentos/supermercados, artigos farmacêuticos/perfumaria, móveis/eletrodomésticos e material de construção.
Os mais impactados negativamente são vestuário (38% de queda no ano), livros/jornais/papelaria (28%) e veículos/peças (22%).