Economia

Vale alerta para competitividade da indústria do carvão

Vale disse que a queda nos preços do carvão forçou a companhia a repensar a rentabilidade do carvão moçambicano


	Mina da Vale nos arredores de Tete, Moçambique: além de Austrália apresentar uma vantagem geográfica, os campos de carvão em Moçambique estão situados longe da costa (AFP)

Mina da Vale nos arredores de Tete, Moçambique: além de Austrália apresentar uma vantagem geográfica, os campos de carvão em Moçambique estão situados longe da costa (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2014 às 16h25.

A mineradora Vale alertou, nesta sexta-feira, que o setor do carvão de Moçambique está perdendo espaço para concorrentes internacionais, e pediu que o governo do país ajude a reduzir os custos de produção, cortando impostos.

Com o anúncio de prejuízo de 44 milhões de dólares nas operações locais do primeiro trimestre, a companhia decidiu "acionar um alerta" sobre a competitividade da indústria de carvão em Moçambique.

"Isso é o que resta após os custos com transporte naval e ferroviário", afirmou o novo gerente da Vale para Moçambique, Pedro Gutemberg, explicando que é cinco vezes mais barato transportar carvão para a China a partir da Austrália.

Dez anos depois de ter investido em um dos maiores campos de carvão inexplorados do mundo, a Vale disse que a queda nos preços do carvão forçou a companhia a repensar a rentabilidade do carvão moçambicano.

Além de a Austrália apresentar uma vantagem geográfica, os campos de carvão em Moçambique estão situados longe da costa.

Os produtores de carvão de Moçambique são obrigados a competir por espaço em uma única estrada de ferro de 500 quilômetros da província de Tete, rica em carvão, para o porto da Beira, no litoral.

Muitos operadores têm sido obrigados a transportar carvão de caminhão até a costa, e alguns consideram a possibilidade de criar uma rede de barcaças para fazer o transporte pelos rios.

O país da África Subsaariana ainda está se reconstruindo após uma longa guerra civil que chegou ao fim em 1992.

A Vale está construindo uma alternativa de 6 bilhões de dólares: 900 km de linha férrea até o porto de Bacala no norte do país, com o objetivo de exportar o dobro da capacidade atual.

Gutemberg alertou que a experiência da Vale pode gerar temores em outros investidores.

"Quando novos investidores olham para Moçambique e veem a Vale, eles percebem que todos estão tendo prejuízos e que todos estão perdendo dinheiro", argumentou Gutemberg. "Claro que isso os desencoraja a fazer novos investimentos."

"Se a Vale apresenta essas perdas, imagino que outras companhias estejam pior. A Vale é grande o suficiente para administrar dois ou três anos (de perdas), mas outras empresas não estão na mesma posição. Minas estão sendo fechadas em Tete", disse Gutemberg.

A mineradora tem uma concessão de 25 anos para explorar mais de um bilhão de toneladas de reservas do país.

Gutemberg afirma que a Vale já iniciou as negociações com o governo moçambicano para obter uma redução temporária de impostos.

"É um mecanismo usado por alguns países. Reduzem as taxas por um determinado período, até que a situação do mercado melhore e seja possível voltar a cobrar as antigas taxas", explicou o executivo.

"Nós ainda confiamos em Moçambique, sem dúvida, mas queremos tratar certas questões de forma concreta", afirmou Gutemberg.

A Vale não informou quanto paga em impostos para o Estado moçambicano, mas ressaltou que os 18 milhões pagos no primeiro trimestre não refletem todos os impostos diretos e indiretos a que é submetida.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaCarvãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasMineraçãoMoçambiqueSiderúrgicasVale

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups