Economia

Usiminas prevê queda na produção de veículos do Brasil

Siderúrgica espera que a produção de veículos do país volte a cair no segundo trimestre


	Concessionária da Fiat no Rio de Janeiro: produção brasileira de veículos despencou mais de 8% no primeiro trimestre, com estoques crescendo 11%
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Concessionária da Fiat no Rio de Janeiro: produção brasileira de veículos despencou mais de 8% no primeiro trimestre, com estoques crescendo 11% (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de abril de 2014 às 16h15.

São Paulo - A maior produtora de aços planos do Brasil, Usiminas, afirmou nesta quinta-feira que espera que a produção de veículos do país volte a cair no segundo trimestre, o que deve acabar impactando no desempenho da economia no período.

Diante dessa perspectiva, a companhia que tem na indústria automotiva brasileira um de seus principais clientes não espera a ocorrência da tradicional alta nas vendas de aço no segundo trimestre.

"Estamos constatando redução no ritmo de produção (de veículos) neste segundo trimestre, programação de férias coletivas, montadoras parando em feriados (...) Tudo indica que deverá haver queda da produção de veículos no segundo trimestre", disse o vice-presidente comercial da Usiminas, Sergio Leite, a analistas.

Mais cedo, a companhia divulgou seu melhor resultado trimestral desde o final de 2010, mas o balanço foi impulsionado por ganhos financeiros que incluíram efeitos positivos de desvalorização cambial, além de redução de custos.

A produção brasileira de veículos despencou mais de 8 por cento no primeiro trimestre, com estoques crescendo 11 por cento e exportações desabando 15 por cento. O quadro tem feito representantes da indústria automotiva se reunirem com o governo federal em busca de medidas que incluem aumento no período de afastamento temporário de trabalhadores para além de cinco meses.

Mesmo com essa queda na produção automotiva as vendas de laminados da Usiminas no mercado brasileiro no período cresceram 10 por cento, com consumo de estoques da companhia.

Porém, para o segundo trimestre a empresa não espera um novo aumento nas vendas, com a produção se mantendo no mesmo 1,6 milhão de toneladas verficado no final de 2013.


Segundo Leite, o panorama de preços de aço no Brasil para os próximos meses é de estabilidade, mantido o dólar atual na casa de 2,20 reais.

Ele afirmou, entretanto que a Usiminas deve terminar em breve as negociações para aumentos de preços junto a clientes do setor industrial. A empresa iniciou campanha para reajustar preços no Brasil no início do ano, começando pelo segmento de distribuição.

"Implementamos (reajuste) na distribuição em janeiro, nos 3 meses seguintes negociamos com o setor indsutrial e estamos em fase final de implantação e por isso deve haver um 'carry over' de dois por cento no segundo trimestre", disse o executivo.

O vice-presidente financeiro da Usiminas, Ronald Seckelmann, evitou fazer projeções de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para a companhia em 2014, mas sinalizou que o processo de redução de custos da empresa deve continuar. O Ebitda da Usiminas mais que dobrou no primeiro trimestre e a margem saltou de 9 para 21 por cento.

Executivos da companhia disseram ainda que a Usiminas está aproveitando o momento de preços altos da energia elétrica no mercado de curto prazo para gerar mais eletricidade.

O presidente da siderúrgica, Julián Eguren, comentou que a Usiminas vai "aproveitar todas as oportunidades que o mercado oferece". Perguntado se isso significa que a empresa pode reduzir produção de aço para exportações para direcionar energia ao mercado, ele respondeu que a Usiminas continuará focada em seu negócio principal de produção de aço.

Em relatório, analistas da Citi Research afirmaram que o resultado da Usiminas no primeiro trimestre foi impulsionado em parte pela venda de energia, mas alertaram que os ganhos podem não ser recorrentes.

Às 15h34, as ações da Usiminas aceleravam queda para 6 por cento, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 0,13 por cento.

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