Bandeiras do Mercosul: "o Brasil é o motor principal destas negociações e vemos com satisfação esta posição", disse ministro uruguaio (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de maio de 2015 às 17h53.
Montevidéu - A postura do governo brasileiro sobre a possibilidade de os membros do Mercosul poderem negociar tratados de livre-comércio unilateralmente com a União Europeia (UE) foi recebida de forma "satisfatória" pelo governo uruguaio, indicou nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa.
"O Brasil é o motor principal destas negociações e vemos com satisfação esta posição, em sintonia com o que os governos do Uruguai e do Paraguai pediram", afirmou o ministro após uma recepção a diplomatas na embaixada da UE em Montevidéu.
O ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, declarou na quarta-feira que o Mercosul devia dar "mais liberdade" aos seus membros para chegar a acordos comerciais com outros blocos econômicos sem ter de negociar com o Mercosul em conjunto.
O chanceler uruguaio indicou que seu país deseja uma "zona de livre-comércio que seja fluente, sem impedimentos e sem inconvenientes, já que 50% do comércio mundial é realizado por meio de tratados de livre-comércio ou isenções tarifárias", e lamentou que o Mercosul só represente "1% dessa porcentagem".
Novoa destacou que o próximo passo para avançar nestas negociações se dará em julho, quando a presidência temporária do Mercosul seja passada ao Paraguai.
"Vamos reunir todos os ministros do Mercosul e os presidentes também se reunirão. A partir daí podemos chegar a um plano de ação comum", disse Novoa, que também destacou a reunião no próximo dia 21 em Brasília entre o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, e a presidente Dilma Rousseff.
O chanceler também ressaltou que a demora nas negociações para o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a UE, que já duram mais de uma década, tem "um grande custo para os empresários, trabalhadores e cidadãos do Uruguai" e que seu anseio é concretizar o convênio.
O presidente da Eurocâmara de Comércio do Uruguai, Paul Riezler, mostrou sua "satisfação" pelo rumo dos acontecimentos e garantiu que as negociações unilaterais deveriam ter começado "muito antes".
Riezler também indicou que até o momento a UE acatou a obrigação de negociar em bloco com o Mercosul, o que atrasou as negociações por causa das negativas de alguns dos membros em chegar a acordos de livre-comércio, e disse que o Uruguai está na "vanguarda" neste momento.
Nin Novoa ponderou que apesar de não negociar estes acordos comerciais com a UE de forma conjunta com o Mercosul, isto não quer dizer que pretendam adotar posições "individualistas".
"Trata-se de ir todos juntos, respeitando e compreendendo as necessidades de cada um dos países. Eu acho que a UE foi muito flexível nisto e esperou pacientemente e nós negociamos também pacientemente dentro do Mercosul", disse o ministro.
O chanceler uruguaio participou hoje da recepção de diplomatas na embaixada da UE pela celebração do "Dia da Europa", comemorado em 9 de maio pela assinatura da Declaração Schuman, que assentou as bases para a fundação da União Europeia.