Dinheiro: hoje, o pagamento dessas dívidas consome, só na capital paulista, até 13% da receita do Município, ou R$ 4,5 bilhões (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de agosto de 2013 às 11h07.
São Paulo - O governo federal quer estabelecer um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) para fixar em 3% da receita líquida dos municípios e dos Estados o pagamento anual de precatórios. A decisão ocorre cinco meses após o STF derrubar a regra de 2006 que permitiu o parcelamento em 15 anos de títulos de dívidas que os governos emitem para pagar quem vence na Justiça processos contra o poder público.
Para o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, a proposta é "uma solução nacional para os precatórios" e pode zerar a dívida de 90% dos municípios e dos Estados brasileiros em 5 anos. Hoje, o pagamento é determinado por ordem cronológica dos pedidos que obtiveram vitória judicial - muitos aposentados, porém, aguardam até 20 anos para receber as indenizações.
Prefeitos e governadores argumentam que o pagamento dos precatórios engessa a capacidade de investimentos em áreas essenciais, como Saúde e Educação. Hoje, o pagamento dessas dívidas consome, só na capital paulista, até 13% da receita do Município, ou R$ 4,5 bilhões. Se o teto for fixado em 3%, a Prefeitura dobraria a capacidade de investimentos, com fôlego de mais de R$ 3 bilhões para usar em novas obras.
Adams disse que o teto de 3% foi negociado com a Ordem dos Advogados do Brasil, com governadores, com o prefeito Fernando Haddad (PT) e com o ministro do STF Luiz Fux. "Se São Paulo tivesse de quitar a dívida em 1 ano só, isso comprometeria 56% da receita da máquina, o que tornaria a governabilidade da cidade impossível", argumentou o advogado-geral.
Com o acordo, o governo federal do PT atende a mais uma reivindicação feita por Haddad no início do mês passado, quando o prefeito declarou que a dívida com a União e dos precatórios tornava a cidade "ingovernável". Há duas semanas a União também anunciou a liberação de mais de R$ 8 bilhões em verbas para São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.