Mercosul volta a entrar em negociações com UE antes de cúpula em Madri (.)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2010 às 20h46.
Bruxelas - A Comissão Europeia anunciou nesta terça-feira o relançamento das negociações para um Acordo de Associação com os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), suspensas desde 2004.
Bruxelas "está convencida de que um eventual acordo traria benefícios econômicos claros tanto para a União Europeia (UE) como para o Mercosul" e, por isso, decidiu nesta terça-feira retomar as negociações, informou em um comunicado.
As conversas haviam sido interrompidas em 2004, porque subordinadas à Rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial, também paralisadas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
No entanto, os contatos entre a UE e o Mercosul se intensificaram nos últimos meses reforçando a eventual retomada das negociações, coincidindo com a presidência espanhola do bloco neste semestre, que há havia manifestado interesse em destravar o processo.
O anúncio de Bruxelas ocorre duas semanas antes de uma cúpula em Madri entre os europeus e a América Latina, durante a qual ocorrerá uma reunião paralela, no dia 17 de maio entre a UE e o Mercosul.
Fontes da comunidade europeia explicaram à AFP que o relançamento das negociações poderá oficializar-se durante esse encontro, com a possibilidade de uma primeira reunião "antes do verão" do Hemisfério Norte.
"A presidência espanhola e a presidência argentina (temporária do Mercosul) começarão a trabalhar para preparar logo a retomada", confirmaram à AFP fontes diplomáticas do Mercosul, para as quais a região "já deixou claro que estava pronta para isso" e que "a bola estava no campo dos europeus", durante um encontro bilateral realizado no final de abril.
No entanto, as negociações se mostram longas e árduas, especialmente em aspectos chave como a agricultura. Os subsídios que os agricultores europeus recebem da Política Agrícola Comum (PAC) são criticados pelos países do Mercosul, que afirmam que essas ajudas penalizam seus produtos.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, comemorou o fato de a UE pretender "aproveitar essa oportunidade importante", que segundo os cálculos de Bruxelas poderá traduzir-se em um aumento das exportações anuais equivalentes a 4,5 bilhões de euros (5,9 bilhões de dólares) para cada bloco.
"Mas só podemos concluir essa negociação se o fizermos bem" e ela terá de ser acompanhada de "um certo número de condições", disse Barroso em comunicado.