Economia

Uma recessão ainda mais profunda? FMI divulga nova previsão para 2020

Novas estimativas do Fundo Monetário Internacional devem levar em conta a lenta recuperação da economia na maior parte dos países

Em abril, o FMI estimou que a economia global sofreria uma queda de 3% este ano (Christinne Muschi/Reuters)

Em abril, o FMI estimou que a economia global sofreria uma queda de 3% este ano (Christinne Muschi/Reuters)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 24 de junho de 2020 às 06h37.

Última atualização em 24 de junho de 2020 às 15h16.

Um novo relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) que será divulgado na manhã desta quarta-feira deve trazer novas previsões sobre o desempenho da economia ao redor do mundo e sobre os impactos da pandemia do novo coronavírus.

As perspectivas, infelizmente, não são nada positivas. Os novos indicadores devem mostrar uma recessão ainda mais aprofundada do que se previa há alguns meses. Em abril, o FMI estimou que a economia global sofreria uma queda de 3% este ano, a maior retração mundial em um século. A queda agora deve ser ainda mais profunda.

Os novos números refletem o impacto da pandemia no segundo trimestre, que foi ainda mais negativo do que se imaginava. Mesmo nos países que já saíram da quarentena, a retomada da atividade econômica continua lenta, porque as pessoas continuam evitando sair de casa e ainda mantêm as precauções de distanciamento social. A preocupação com uma segunda onda de casos do coronavírus e uma possível volta das medidas de quarentena é outro fator que deve influenciar as novas previsões econômicas do FMI.

A economista-chefe da entidade, Gita Gopinath, afirmou em um artigo publicado na semana passada que, ao contrário de outras crises econômicas do passado – que tinham impactos localizados --, a recessão causada pela pandemia será uma “crise verdadeiramente global”, afetando todos os países e regiões ao mesmo tempo. “Pela primeira vez desde a Grande Depressão, as economias dos países avançados e as dos emergentes entrarão em recessão em 2020”, disse Gopinath.

Segundo a economista-chefe, a crise da pandemia tem características únicas que a diferem de outras recessões. Uma delas é que a paralisação afeta principalmente o setor de serviços, que foi duramente atingido pelas medidas de quarentena -- a exemplo do que ocorreu com as companhias aéreas e as empresas de turismo. Em outras crises, é a indústria que sofre mais, levando a uma queda dos investimentos e a demissões.

Uma rápida retomada do consumo pode ajudar a minimizar os prejuízos, mas nem isso é garantido uma vez que as pessoas podem mudar os seus hábitos de consumo ou podem passar a economizar diante das incertezas. Na China, por exemplo, a população voltou a consumir, mas empresas de segmentos como turismo ainda continuam com uma demanda reduzida.

Nesse ambiente, a recuperação econômica tende a levar ainda mais tempo na maioria dos países. No relatório de abril, o FMI previa uma queda de 5,9% da economia americana em 2020, seguida de um crescimento de 4,7% em 2021, considerando que a pandemia estaria razoavelmente controlada antes do segundo semestre. Para o Brasil, a estimativa era de uma queda 5,3% em 2020, e um crescimento de 2,9% no ano que vem. É possível que o FMI reconheça hoje que essas previsões eram otimistas demais.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaExame HojeFMIRecessão

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal