O CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn: "com a projeção que temos para 2015, nós deveremos chegar ao fim do túnel, mas nunca se sabe” (Mark Blinch/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2015 às 19h37.
Paris - O CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, disse que o mercado automotivo da Rússia provavelmente encolherá em mais um quinto neste ano, o que coloca pressão sobre a aliança liderada por ele após a associação com a OAO AvtoVAZ, uma empresa da época soviética, para fortalecer sua posição de liderança no país.
Isso “significa a desaparição de um terço do mercado russo dentro de alguns anos”, disse Ghosn em entrevista à Bloomberg Television ontem em Saint-Denis, subúrbio de Paris.
“Essa situação já é bastante ruim. Com a projeção que temos para 2015, nós deveremos chegar ao fim do túnel, mas nunca se sabe”.
As vendas dos novos carros de passageiros e veículos comerciais leves caíram 10 por cento em 2014, para cerca de 2,5 milhões de unidades, segundo a Associação de Empresas Europeias, com sede em Moscou.
As vendas combinadas da Renault SA, da Nissan Motor Co. e da AvtoVAZ caíram 7 por cento no ano passado, para 764.245 veículos. A participação de mercado das empresas parceiras ampliou-se para 30,7 por cento, contra 29,6 por cento em 2013.
A associação projeta que o mercado automotivo da Rússia cairá mais 24 por cento em 2015.
“A combinação de queda nas vendas e câmbio é muito problemática”, disse Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI em Londres, hoje.
“Isso não representa um perigo para o grupo, de maneira nenhuma, porque o mercado não é tão grande, mas trata-se de um efeito doloroso. Nós já ouvimos da Ford e da GM que a Rússia é um problema. Essa foi a principal razão pela qual a Ford foi decepcionante na Europa novamente”.
A Renault e a Nissan possuem indiretamente 50,01 por cento da AvtoVAZ, a fabricante do Lada, que é um elemento-chave em um plano para conquistar pelo menos 40 por cento do mercado automotivo russo até 2016.
A aliança investiu em plantas de fabricação e desenvolveu uma rede de fornecedores locais para ficar menos vulnerável às flutuações do câmbio. Contudo, o aprofundamento da recessão econômica da Rússia representaria um revés.
“Nas atuais circunstâncias não se pode simplesmente entrar e sair dos mercados”, disse Ellinghorst. “É preciso gerenciar a crise, limitar o dano, manter os relacionamentos estabelecidos e esperar que o país se recupere”.