Economia

UE: Reino Unido não conseguirá manter benefício de comércio livre

Para o negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, a promessa de manter benefícios como esse após o Brexit é "impossível"

Michel Barnier: o negociador também deixou claro que não haverá um acordo especial para o setor financeiro britânico (Eric Vidal/Reuters)

Michel Barnier: o negociador também deixou claro que não haverá um acordo especial para o setor financeiro britânico (Eric Vidal/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de julho de 2017 às 11h14.

Londres - O negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, alertou nesta quinta-feira ser impossível que o Reino Unido deixe o mercado único e mantenha os benefícios dele após a separação com o bloco europeu.

Em comentários duros feitos a grupos empresariais e comerciais de Londres, o dirigente ainda declarou não saber se a posição dos europeus era "compreendida deste lado do Canal".

"Ouvi de algumas pessoas que o Reino Unido defende uma saída do mercado único com a construção simultânea de uma união aduaneira que possibilite "um comércio sem fricções". Isto é impossível", ponderou.

A expressão foi usada pela premiê britânica, Theresa May, e outros dirigentes do país nas últimas semanas.

Barnier também deixou claro que não haverá um acordo especial para o setor financeiro britânico, onde inúmeros bancos sediam suas operações na Europa.

"Sobre os serviços financeiros, as coisas são claras: o Reino Unido deixa o bloco e o mercado único e, por isso, todas as instituições financeiras perdem a ligação com o continente mecanicamente. Não há discussão ou negociação neste tópico", disse.

Em relação ao que o Reino Unido pode esperar de um acordo comercial com a UE, o dirigente afirmou que o modelo deve seguir o exemplo de experiências como o da Noruega, do Canadá e da Turquia.

"Cada modelo tem seu equilíbrio de direitos e obrigações. Não existe chance de escolher apenas os benefícios", acrescentou.

Barnier também rebateu a ideia de May de que "nenhum acordo é melhor que um acordo ruim", o que também tem sido repetido recentemente por seus ministros. Para ele, na ausência de um acordo, as transações entre as partes cairiam para o nível das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC);

"Na prática, um cenário sem acordo iria piorar a situação 'perde-perder' para qual já caminha o Brexit. E o Reino Unido teria mais a perder que seus parceiros".

Fonte: Dow Jones Newswires.

Acompanhe tudo sobre:BrexitComércioReino UnidoUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto