Economia

UE pede "paciência" com possível assinatura de acordo com Mercosul

Negociadores dos dois blocos econômicos se reuniram em abril em Bruxelas, sem conseguir avanços nas conversas

Mercosul: acesso europeu aos mercados no setor automobilístico é um dos principais gargalos para acordo (Norberto Duarte/AFP)

Mercosul: acesso europeu aos mercados no setor automobilístico é um dos principais gargalos para acordo (Norberto Duarte/AFP)

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EFE

Publicado em 4 de maio de 2018 às 17h54.

A União Europeia (UE) pediu "paciência" com a possível assinatura de um acordo comercial com o Mercosul, que veem como um "aliado" e com o qual buscam ter um tratado sólido que beneficie ambos blocos, segundo destacou nesta sexta-feira seu embaixador em Montevidéu, Karl-Otto König.

"Vemos o Mercosul como um aliado e temos uma compenetração superforte da indústria europeia, mas, paciência, se passaram 22 anos e não acontece nada se passarem duas semanas mais", declarou König à imprensa uruguaia.

O diplomata alemão reiterou que a UE "não vai perder a paciência" e que não estão dispostos a negociar "sob a pressão do tempo", já que, segundo sua opinião, cada lado tem seus interesses, razão pela qual reforçou que "algum dia" se conseguirá o acordo.

"Pessoalmente estou otimista. Por que buscamos 18 países nestes dias? Por que concluímos acordos com México, Equador, Peru, Colômbia, Chile, Nova Zelândia, Japão, Austrália? Então eu acredito que também vamos conseguir com o Mercosul", garantiu.

Para König, é melhor ter "um tratado sólido" no qual ambos vejam uma situação benéfica e ressaltou que a UE não quer criar "dependências econômicas".

No mês passado, os negociadores da UE e do Mercosul para o acordo comercial concluíram seus contatos em Bruxelas sem conseguir avanços nas conversas, em um encontro após o qual o bloco europeu advertiu que será "difícil" avançar sem "nenhum movimento" do grupo sul-americano.

Na reunião técnica foram abordados os assuntos nos quais segue havendo diferenças entre as duas equipes e que ainda não puderam ser resolvidas, principalmente o acesso aos mercados no setor automobilístico, um assunto no qual o Brasil mantém a posição mais afastada da comunitária.

As negociações para um acordo comercial entre a UE e o Mercosul começaram em 1999, mas estiveram completamente bloqueadas entre 2004 e 2010 e foram retomadas apenas em 2016.

O presidente Michel Temer afirmou hoje em São Paulo que o Mercosul e a União Europeia "estão praticamente fechando" um acordo comercial e ressaltou a vocação do país de combater o "protecionismo".

"É algo desejado e que durante quase 20 anos não se conseguiu levar adiante. Recuperamos a vocação original do Mercosul para o livre mercado", declarou o presidente durante o fórum "Riscos para os negócios internacionais", na capital paulista.

Temer defendeu ainda a "conexão entre vários blocos" e insistiu na importância de uma aliança entre o Mercosul, bloco integrado também por Argentina, Uruguai e Paraguai, e a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, Peru e México). EFE

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