Economia

UE e Mercosul encerram rodada de negociação

Os blocos continuarão buscando um acordo político na conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC) que acontece em Buenos Aires

Mercosul: "A UE segue comprometida com o objetivo de um acordo ambicioso que seja benéfico para todos" (Mercosul/Divulgação)

Mercosul: "A UE segue comprometida com o objetivo de um acordo ambicioso que seja benéfico para todos" (Mercosul/Divulgação)

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EFE

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 21h12.

Bruxelas - A União Europeia (UE) e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) fecharam nesta sexta-feira uma rodada de negociações para um acordo de associação, durante a qual aconteceu um nova troca de ofertas comerciais, e continuarão buscando um acordo político na conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC) que acontece em Buenos Aires, na Argentina.

"A UE segue comprometida com o objetivo de um acordo ambicioso que seja benéfico para todos", indicaram à Agência Efe fontes do bloco europeu ao término da rodada com os países do Mercosul.

"Ambas as partes voltarão a se reunir novamente na semana que vem em paralelo à conferência ministerial da OMC em Buenos Aires", acrescentaram as fontes.

Na rodada de negociações, que começou em 29 de novembro, ocorreram avanços em medidas sanitárias e fitossanitárias, desenvolvimento sustentável e nos serviços, aspectos que já estão praticamente finalizados.

Já concluídos estão os pontos relativos à competência, à facilitação do comércio e à cooperação em matéria alfandegária.

As conversas abrangeram todas as áreas em negociação, incluindo bens, serviços, compras públicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, propriedade intelectual, indicações geográficas, comércio, desenvolvimento sustentável, pequenas e médias empresas, barreiras técnicas ao comércio e resolução de disputas, indicaram as fontes.

As fontes europeias acrescentaram que também foram trocadas ofertas de acesso ao mercado revisado.

Fontes do Mercosul próximas da negociação confirmaram na quarta-feira a troca de novas ofertas entre ambas as equipes, mas estas não incluíram melhorias nos pontos sobre carne bovina e etanol, que estão entre os mais complexos.

O potencial acordo político, que pode deixar aspectos técnicos inacabados como aconteceu nas negociações entre a UE e o Japão, deverá, no entanto, incluir as quotas de acesso de mercado a esses polêmicos produtos, que geram controvérsia entre os agricultores europeus.

Fontes do Mercosul reiteraram na quarta-feira que "encontrar um nível aceitável de quotas para esses produtos não está muito longe do alcance" dos negociadores.

A conferência ministerial da OMC, que começa neste domingo, será o próximo palco para que UE e Mercosul continuem trabalhando em busca da conclusão deste acordo.

Ambas as partes acreditam que os encontros em nível político, que reunirão os comissários europeus de Comércio e Agricultura, Cecilia Malmström e Phil Hogan, e vários ministros dos países do Mercosul, consigam desbloquear o que não foi conseguido em nível técnico nos trechos mais complicados.

Os países do Mercosul esperam sair desta reunião com uma oferta melhor sobre carne bovina e etanol.

"Uma oferta revisada em carne bovina e etanol é a chave para melhorar as ofertas de ambos os lados e conseguir um acordo", afirmaram fontes próximas das negociações.

O mandato das negociações começou em junho de 1999 e ambas as partes coincidem em assinalar que ocorreram mais progressos nos últimos dez meses que em toda a década anterior, avanços estes que, em parte, são uma resposta à política protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em uma entrevista concedida a um grupo de veículos de imprensa, entre eles a Efe, Malmström disse ontem que seu desejo é concluir o acordo antes do fim de 2017, mas ressaltou que não será "um desastre" se o mesmo atrasar até o início do próximo ano.

A data limite que ambos os blocos assumiram foi imposta pelo calendário eleitoral do Brasil, cujas eleições acontecem em outubro, pois a Constituição do país determina que os ministros, que agora fazem parte das negociações, deixem seus cargos seis meses antes do pleito se quiserem se candidatar a algum cargo eletivo.

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