Economia

UE e Japão: entra em vigor acordo que cria maior zona comercial do mundo

Assinado em julho, o Acordo de Associação Econômica envolve 36,9% do comércio global e 27,8% do PIB do planeta

EU-Japão: Este acordo está baseado em regras livres e justas que geram benefícios para ambos, afirmou Yoshikawa (Koji Sasahara/Reuters)

EU-Japão: Este acordo está baseado em regras livres e justas que geram benefícios para ambos, afirmou Yoshikawa (Koji Sasahara/Reuters)

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EFE

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 10h24.

Tóquio - Japão e União Europeia iniciaram nesta sexta-feira um novo marco nas relações comerciais com a entrada em vigor de um acordo sobre eliminação de tarifas que manda uma mensagem clara contra o protecionismo que está tentando ganhar terreno.

O Acordo de Associação Econômica, assinado entre as duas partes em julho em Tóquio, cria a maior zona comercial do mundo, com 36,9% do comércio global e com 27,8% do Produto Interno Bruto do planeta.

Para o Japão, um dos países que deixou clara a aposta pelo livre-comércio, representa um passo adicional após a entrada em vigor, em 30 de dezembro, do acordo de livre-comércio transpacífico conhecido pela sigla TPP-11.

"Agora que estamos vendo movimentos protecionistas no mundo, este acordo está baseado em regras livres e justas que geram benefícios para a UE e para o Japão", afirmou hoje em um ato oficial o ministro de Agricultura japonês, Takamori Yoshikawa.

Yoshikawa participou com outros altos funcionários japoneses e os embaixadores dos países da UE em um ato oficial na delegação europeia em Tóquio para celebrar o êxito de cinco anos de esforços que foram dedicados a assinar este pacto.

No evento, o ministro de Revitalização Econômica, Toshimitsu Motegi, expressou a grande "preocupação" que existe pelo surgimento do protecionismo "e os riscos associados que a economia mundial enfrenta".

"Japão e UE têm que liderar o movimento para que se estendam por todo o mundo regras comuns livres e justas no século XXI", insistiu Motegi.

Horas antes, desde Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker, destacou não só as vantagens práticas que este acordo terá para os consumidores europeus e japoneses, mas também a mensagem política que fornece.

Este acordo, disse, "mostra que o comércio consiste em algo mais que cotas e tarifas ou milhões e trilhões, consiste em valores, princípios, igualdade", disse Juncker.

O acordo implica que 99% dos produtos que os países da União Europeia importam do Japão terão uma tarifa 0, a partir de hoje ou progressivamente, algo que afetará também 94% os produtos europeus que chegam ao Japão.

Por exemplo, o vinho europeu, que chega aos mercados de Tóquio com uma taxa de 15%, estará livre de tarifa desde hoje. O queijo europeu terá que esperar, já que agora tem 29,8% de tarifa, que será reduzida progressivamente em 15 anos.

O queijo, no entanto, não é um produto de grande consumo no Japão, comparando-o com o da Europa. Além disso, os produtores japoneses do norte do país estão vendo com receios este acordo, por isso que o impacto tem um efeito amortecido.

O peixe que o Japão exporta à Europa, atualmente com uma tarifa desde 0 até 26%, não terá nenhuma carga a partir de agora, enquanto os automóveis japoneses, taxados com 10%, terão tarifa 0 em 2026, em uma redução progressiva.

No ano passado, a troca comercial entre Japão e União Europeia alcançou os 18,91 trilhões de ienes (151,8 bilhões de euros), 11,53% do total das exportações e importações japonesas.

Esse troca foi deficitária para o Japão em 487,6 bilhões de ienes (3,9 bilhões de euros). O primeiro parceiro comercial do Japão é a China e o segundo os Estados Unidos.

A entrada em vigor do acordo de livre-comércio entre a UE e Japão, embora nas alfândegas os efeitos só afetem desde as últimas horas, foi realizada no Japão com ofertas de preços europeus rebaixados.

Os cálculos dos analistas antecipam que, graças a este pacto, que beneficia cerca de 635 milhões de pessoas, as importações japonesas desde a UE podem chegar a aumentar até 34%.

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