Economia

UE deixa recessão para trás, mas deve superar riscos

Apesar do otimismo com o qual a UE e a zona do euro entram em 2014, a lista de problemas é arrasadora


	Símbolo do euro na sede do BCE: fragilidade da recuperação impediu a Comissão Europeia de revisar para cima as previsões macroeconômicas para 2013 e 2014
 (Simon Dawson/Bloomberg)

Símbolo do euro na sede do BCE: fragilidade da recuperação impediu a Comissão Europeia de revisar para cima as previsões macroeconômicas para 2013 e 2014 (Simon Dawson/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 21h42.

Bruxelas - A UE deixou para trás este ano o pior da crise econômica e experimenta uma frágil recuperação que já permite pensar na estabilização com um ritmo de ajuste menos rigoroso, mas sem deixar de lado as reformas, sem superar os riscos e com um olho atento aos bancos.

"Progredimos e a situação é consideravelmente melhor do que no ano passado, mas ainda permanece a questão de como gerar mais crescimento, porque não vejo suficientes reformas estruturais que a permitam, nem as políticas macroeconômicas adequadas" para reduzir a dívida, disse a Agência Efe o diretor do centro de estudos Bruegel, Guntram Wolff.

"2013 foi mais positivo que 2012, graças, sobretudo, ao Banco Central Europeu (BCE), mas ainda há muitas diferenças entre os países e nenhuma garantia para uma recuperação forte. Fica bastante incerteza" em alguns casos, como no sul e nos países intermediários, como Itália e França, disse Raoul Ruparel, chefe de Pesquisa Econômica da Open Europe.

Para a entidade, este ano a questão foi a estabilização da zona do euro, 2014 se centrará no crescimento e na recuperação, e "aí o BCE pode fazer menos e cobrar que os governos atuem".

Apesar do otimismo com o qual a UE e a zona do euro entram em 2014, a lista de problemas é arrasadora.

A fragilidade da recuperação impediu a Comissão Europeia de revisar para cima as previsões macroeconômicas para 2013 e 2014.

Só de já estar em terreno positivo, embora seja só em torno de 0,1% na zona do euro e de 0,2% em toda a UE, fez a Comissão Europeia reconhecer que deve aliviar um pouco na cobrança do déficit dos países, e permitiu aos 17 reduzir pela metade o ritmo dos ajustes, após quatro anos de duros esforços e sacrifícios.

Uma consequência direta da recessão é o elevado desemprego, que é o grande cavalo de batalha da eurozona e só se resolverá quando apontar o primeiro sinal sólido de crescimento, lembrou Wolff.

A CE vê um pequeno brilho de luz no final do túnel, dado que em outubro diminuiu pela primeira vez desde primavera de 2011, embora só um décimo, até o 12,1%.


Outro problema "sério" é a fragmentação dos mercados financeiros, que impede as entidades do sul de emprestar nas mesmas condições que as do norte, lembraram os analistas, que consideram que, salvo se houver "uma forte união bancária, esta variável continuará sendo um grande desafio".

E apesar do supervisor ter sido adotado definitivamente este ano, o segundo pilar da união bancária, o mecanismo único de reestruturação e liquidação bancária sofre os reflexos de ficar em uma iniciativa muito menos ambiciosa do que o desejável, ponderam.

Os bancos são outra potencial fonte de risco para a recuperação da eurozona diante de duras provas de risco, resistência e qualidade dos ativos que serão feitas ao longo do próximo ano pelo BCE e pela Autoridade Bancária Europeia (ABE).

Nas capitais a crença generalizada é que os bancos estão muito melhor preparados do que antes, especialmente em economias como a irlandesa ou a espanhola, mas os analistas advertem que outras (como a italiana) ainda provocam incertezas.

Muitas entidades da eurozona "continuam lutando, mas seguem sem ser rentáveis e dependem ainda muito do BCE", afirmou Ruparel.

Também o diretor de Bruegel acredita que "ainda pode haver volatilidade no lado dos bancos no próximo ano".

Para tranquilizar os mercados e prevenir qualquer susto que poderia não ser manejável, a eurozona esclareceu a ordem na qual se darão eventuais injeções: primeiro nos próprios bancos e com observações sobre determinados passivos, depois os estados e só em última instância em nível europeu.

Isso é necessário já que o segundo pilar da união bancária, o mecanismo único de reestruturação e liquidação bancária, compreendido por uma autoridade de resolução e um fundo comum, não estará em funcionamento até 2016.

Mas Bruxelas sabe que "o desafio agora é ir à frente da estabilização e garantir uma recuperação econômica forte e duradoura" e por isso adverte que qualquer tentação de se desviar do caminho pode pôr em risco não só a moderada recuperação, mas todo o projeto para uma nova arquitetura da zona do euro.

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