Economia

UE critica medidas protecionistas de Brasil e Argentina

Segundo a Comissão Europeia, as medidas de restrição de importações são cada vez maiores nos dos países


	Kirchner e Dilma posam no México antes de encontro do G20: a comissão critica o plano brasileiro de apoio ao setor automotivo e a a política argentina de reindustrialização
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

Kirchner e Dilma posam no México antes de encontro do G20: a comissão critica o plano brasileiro de apoio ao setor automotivo e a a política argentina de reindustrialização (Roberto Stuckert Filho/PR)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2013 às 12h28.

Bruxelas - A Comissão Europeia (CE) criticou nesta quinta-feira, em um relatório, as políticas protecionistas de Brasil e Argentina, afirmando que "as medidas de restrição de importações são cada vez maiores".

A Comissão constatou uma falta de avanços em uma série de obstáculos identificados desde 2011, em um relatório dirigido ao Conselho Europeu, o fórum de chefes de Estado e de Governo do bloco dos 27, que nesta quinta-feira se reúne em Bruxelas para falar sobre como promover o crescimento e o emprego.

Em relação ao Brasil, "a situação não melhorou quanto ao acesso aos contratos públicos", afirma o texto da Comissão.

"Desde o último trimestre de 2011, o Brasil reforçou seus procedimentos relativos às importações de artigos de vestuário e têxteis, introduzindo controles aduaneiros mais rígidos (...) Não foi observado nenhum avanço", lamenta o relatório.

O texto também critica o plano brasileiro de apoio ao setor automotivo conhecido como INOVAR-AUTO, para o período 2013-2017, ao considerar que impõe um regime fiscal discriminatório para os fabricantes estrangeiros e que "favorece a produção local em detrimento das importações".

Segundo o relatório, esta política de fiscalização indireta com fins protecionistas não se limita ao setor automotivo, já que "foram apontadas medidas problemáticas em outros setores, como o da eletrônica ou dos equipamentos de telecomunicações".

Além disso, ataca a decisão tomada pelo Brasil em outubro de 2012 de aumentar as taxas sobre 100 produtos, uma medida que, apesar de ser compatível com as normas da OMC, "não respeita o compromisso político adotado no G20 de não tomar medidas restritivas para a importação".

Quanto à Argentina, "a política de reindustrialização e de substituição de importações aplicada (pelo país) continua e prejudica as importações", afirma o texto, que cita a obrigação das empresas argentinas de pedir ao governo uma autorização para importar produtos.


"Na Argentina, é inquietante constatar que o governo interveio ativamente nos últimos anos para que certas indústrias e setores de atividade aumentem o conteúdo local em seu processo de produção", explica o relatório, que cita a mineração, a fabricação de automóveis, o calçado, a agricultura, os medicamentos, produtos químicos e têxteis, e inclusive os serviços bancários, os seguros e os meios de comunicação.

O texto também se refere à decisão do governo de Cristina Kirchner de expropriar em 2012 51% da YPF, nas mãos da petroleira espanhola Repsol.

"Esta medida pode ser discriminatória, na medida em que se expropriou a participação da YPF de um só acionista, e não as outras", afirma o relatório 2013 sobre obstáculos ao comércio e aos investimentos.

O relatório lamenta que a obrigação de pedir uma autorização de importação tenha sido estendida no ano passado ao setor de serviços, e afirma que "estas medidas são incompatíveis com a proibição de instaurar restrições quantitativas e a obrigação de não discriminação (...) previstos pelo GATT de 1994".

O texto também destaca que a "Argentina manteve igualmente as restrições no setor dos serviços de resseguro" com uma decisão adotada em 2011, que dá lugar a uma "nova regulamentação (que) restringe o acesso ao mercado".

A Comissão Europeia publicou seu relatório, dedicado às medidas protecionistas de seus sócios estratégicos (China, Índia, Japão, Rússia, Estados Unidos, Brasil e Argentina), num momento no qual a Eurozona busca estimular seu comércio exterior para sair da recessão e combater o desemprego, que vem batendo níveis recorde nos últimos meses.

Em seu relatório, a Comissão destacou que os problemas identificados continuarão sendo prioritários em sua política comercial, que abordará no mais alto nível.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaComércioComércio exteriorDados de BrasilEuropaExportaçõesImportaçõesProtecionismoUnião Europeia

Mais de Economia

China proíbe montadoras de usar termos como 'direção inteligente' e 'direção autônoma'

FMI não espera uma recessão neste ano, apesar das tarifas

Petrobras anuncia redução do preço do diesel para distribuidoras

Silveira fala em ambiente favorável para redução no preço dos combustíveis promete 'boas notícias'