Economia

UE adota tom conciliatório após brasileiro na OMC

Autoridades da UE adotaram tom conciliatório e defenderam o multilateralismo nas negociações do comércio internacional ao felicitar nesta quarta-feira o brasileiro


	Na segunda-feira, 6, a UE havia decidido pelo voto em bloco no mexicano Hermínio Blanco, contra Azevedo
 (Marcello Casal Jr./ABr)

Na segunda-feira, 6, a UE havia decidido pelo voto em bloco no mexicano Hermínio Blanco, contra Azevedo (Marcello Casal Jr./ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2013 às 22h24.

Rio de Janeiro - Um dia após a eleição do embaixador Roberto Azevêdo para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) ter oposto países desenvolvidos e emergentes, autoridades da União Europeia (UE) adotaram tom conciliatório e defenderam - pelo menos no discurso - o multilateralismo nas negociações do comércio internacional ao felicitar nesta quarta-feira o brasileiro.

Na segunda-feira, 6, a UE havia decidido pelo voto em bloco no mexicano Hermínio Blanco, contra Azevedo.

Na esteira da manifestação formal do comissário europeu para o Comércio, o belga Karel De Gucht, a delegada da UE no Brasil, Ana Paula Zacarias, citou o apoio ao multilateralismo em discurso durante evento no Rio.

"Queremos um mundo multipolar, vivendo em paz e baseado no multilateralismo", disse Ana Paula, em fala sobre a relação entre a Europa e o Brasil, em conferência sobre o continente europeu organizada pelo Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Ao término do evento, a delegada da UE disse que a eleição de Azevêdo reforça o multilateralismo. "A UE sempre acreditou no processo multilateral", afirmou Ana Paula.

Também palestrante na conferência da FGV, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, concordou que a escolha de Azevêdo foi uma vitória da visão multilateral. "É um reforço para o multilateralismo, que estava muito questionado."

Embora nos últimos anos a assinatura de acordos "preferenciais" - bilaterais ou entre blocos de países - tenha prevalecido sobre as negociações da Rodada de Doha, travadas num impasse entre nações desenvolvidas e emergentes, por enquanto, a aposta no multilateralismo não perde força, na visão de Cozendey.

"Realmente, se houver um acordo EUA-União Europeia com a dimensão que estão propondo, isso muda a configuração global", ponderou Cozendey.

No entanto, as discussões sobre o acordo ainda precisam avançar para merecer uma reavaliação. "Se for só apenas um acordo tarifário, provavelmente com milhões de exceções na agricultura, não vai ser uma grande modificação do cenário", completou.


Já a delegada da UE não vê oposição entre as negociações multilaterais e bilaterais. "A UE sempre privilegiou e sempre disse que privilegia o aspecto multilateral. Agora, não podemos ficar eternamente a espera", disse Ana Paula.

A diplomata discorda da ideia de que o protecionismo está em alta mundo afora por causa da crise global. "Não sei se o mundo está ficando mais protecionista. De alguma maneira não, porque há proliferação dos acordos de livre-comércio. Nunca se fizeram tantos. Isso vem demonstrar que o livre-comércio é fundamental, até para o desenvolvimento", completou Ana Paula.

Nesse quadro, a diplomata concordou que "há preocupação" de membros da UE com os eventuais desrespeitos das recentes políticas industriais do Brasil - como a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros importados - em relação às normas da OMC, mas destacou que é preciso separar isso das funções que Azevêdo assumirá no órgão.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaDados de BrasilEuropaOMC – Organização Mundial do ComércioUnião Europeia

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo