Economia

Turbulência pode reduzir PIB de emergentes, diz Lagarde

A diretora do FMI mostrou que o crescimento de grandes emergentes pode ser reduzido de 0,5% a 1% por conta da volatilidade nos mercados e fuga de capital


	Christine Lagarde, diretora do FMI, fala em Washington: "a transição dos emergentes não será fácil ou rápida", disse
 (REUTERS/Larry Downing)

Christine Lagarde, diretora do FMI, fala em Washington: "a transição dos emergentes não será fácil ou rápida", disse (REUTERS/Larry Downing)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2013 às 13h19.

Washington - Os países emergentes estão mais fortes hoje do que no passado, mas a turbulência no mercado financeiro pode afetar o crescimento destes países, avaliou nesta quinta-feira, 03, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

Em discurso nesta quinta-feira na Universidade George Washington, ela mostrou cálculos dos economistas do Fundo estimando que o Produto Interno Bruto (PIB) de grandes emergentes pode ser reduzido de 0,5% a 1% por conta da volatilidade nos mercados e fuga de capital.

O crescimento dos emergentes - países que foram o motor da expansão da economia global - está desacelerando, afirmou Lagarde. Parte da culpa, disse ela, é reflexo da mudança da economia global e parte é por conta de fatores internos de cada país.

"Os países emergentes têm novos obstáculos à frente", destacou em sua apresentação, pontuando que alguns são mais vulneráveis que outros, mas sem citar nomes.

O cenário externo está mais desafiador para os emergentes por conta da possibilidade de mudança das políticas monetárias nos países desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos.

Foi em maio que o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, falou pela primeira vez da possibilidade de retirada dos estímulos monetários até o final do ano, o que provocou uma turbulência no mercado financeiro mundial.

Os países emergentes foram inundados de capital externo nos últimos cinco anos, em parte por conta das políticas monetárias não convencionais dos países desenvolvidos.


"Mas agora esta maré financeira começa a baixar", afirmou Lagarde. Só as aplicações em bônus nos países emergentes aumentaram em US$ 1 trilhão, mostrou em sua apresentação.

Em meio a esse cenário de mudanças na economia mundial, a recomendação do FMI é que estes mercados lidem com a turbulência no mercado financeiro "da forma mais suave possível". 

Os governos devem permitir que as moedas se depreciem. Em outros casos, a política monetária pode ser relaxada, mas ela frisou em países com inflação alta, como o Brasil, há menos espaço para esse relaxamento monetário.

No caso das políticas fiscais, Lagarde afirmou que não há muito espaço para o uso delas, dado os altos déficits em alguns países. Voltando a citar o Brasil, ela disse que países na mesma situação devem retirar barreiras que impedem o crescimento de longo prazo - no caso da economia brasileira, os problemas na infraestrutura.

"A transição dos emergentes não será fácil ou rápida", disse ela, destacando que estes países devem passar o resto da década fazendo ajustes.

Para a China, Lagarde recomendou que o país asiático caminhe para um crescimento menos dependente do crédito, que já atingiu 180% do PIB este ano. O país deve se apoiar em maior produtividade, renda e consumo. Isso, frisou a dirigente do FMI, significa liberalização das taxas de juros, melhora do sistema financeiro e abertura de setores protegidos à iniciativa privada.

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