O premier grego, Alexis Tsipras: Tsipras declarou que respeitará qualquer que seja a vontade do povo (Aris Messinis/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2015 às 21h07.
Atenas - O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, convocou para o dia 5 de julho um referendo sobre a oferta de acordo de seus credores, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em mensagem transmitida pela televisão após uma reunião urgente do Conselho de Ministros, Tsipras declarou que respeitará qualquer que seja a vontade do povo e acrescentou que amanhã enviará aos credores uma carta na qual solicitará um adiamento de "alguns dias" da atual prorrogação do resgate, que vence na próxima terça-feira, para que os cidadãos possam "decidir sem pressão".
"Quero que, nesta questão, respondam com orgulho e responsabilidade", disse Tsipras, acrescentando que a "Grécia precisa enviar uma mensagem de democracia à Europa".
"A Europa sem democracia é uma Europa sem identidade, nem sentido", ressaltou Tsipras, que qualificou como um "ultimato" o comportamento dos parceiros de União Europeia.
"Temos que responder a este ultimato com a vontade do povo", disse.
O primeiro-ministro declarou que já informou sobre esta decisão a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o presidente da França, François Hollande, e o governador do Banco Central Europeu, Mario Draghi.
Para amanhã, às 12h locais (6h de Brasília), Tsipras convocou uma reunião extraordinária do parlamento, que deverá votar a solicitação de referendo. Também neste sábado, está prevista uma reunião entre Draghi e o vice primeiro-ministro grego, Yanis Dragasakis, e o vice-ministro de Relações Internacionais Econômicas.
Vários representantes do governo, entre eles o ministro de Estado, Nikos Pappas - braço direito de Tsipras -, assim como o ministro da Energia, Panayotis Lafazonis, se mostraram confiantes na vitória do "não" no referendo.
Tsipras fez este anúncio após uma reunião do gabinete ministerial convocada para esta noite para informar sobre a oferta de prorrogação do resgate de cinco meses proposta pelas instituições credoras (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
A prorrogação seria acompanhada por um programa de medidas que exigia, segundo Tsipras, "mais cortes no setor público e aumentos do IVA (imposto sobre valor agregado) em alimentos e nas ilhas (do país)".
"Isto demonstra que alguns dos parceiros (de UE) não têm como objetivo um acordo sustentável", frisou o líder esquerdista.
O governo tinha antecipado que rejeitava a prorrogação por considerar que exigiria a adoção de "novas medidas que provocariam uma forte recessão" como condição para conseguir um financiamento "completamente insuficiente".
"Se o governo e o parlamento aprovassem esta proposta, os cidadãos e os mercados entenderiam que se aproxima um período de cinco meses de recessão, o que conduziria a outra negociação em condições de crise", disse o governo em nota.