Economia

Trump rejeita pacote fiscal de US$ 900 bilhões aprovado pelo Congresso

Trump chamou de "desgraça" o pacote aprovado após meses de negociações e a poucos dias do fim dos subsídios a muitos desempregados

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 07h34.

O presidente americano, Donald Trump, rejeitou na terça-feira (22) a lei de alívio econômico de 900 bilhões de dólares aprovada pelo Congresso para responder à crise provocada pela pandemia de covid-19, afirmando que a mesma é "uma desgraça" e exigindo "emendas".

"Realmente é uma desgraça", disse Trump em um vídeo publicado em sua conta no Twitter, no qual critica a ajuda a famílias nas quais há pessoas em situação irregular no país, que seja incluído um orçamento para museus e que haja provisões para ajudar outros países. O presidente também pediu que se aumente a ajuda às pessoas mais necessitadas estipulada em 600 dólares.

Sobre a última questão, Trump pediu que o valor da ajuda passe para 2.000 dólares ou US$ 4.000 para um casal.

O plano de alívio, considerado essencial para a maior potência mundial, foi aprovado após meses de negociações árduas e a poucos dias do fim dos subsídios a muitos desempregados, no momento em que a covid-19 avança sem controle pelo país, ameaçando a recuperação econôomica. Mas não pode entrar em vigor sem a assinatura do presidente.

E em seu vídeo, Trump dá a entender que não está disposto a assinar a promulgação sem as assinaturas mencionadas.

O presidente republicano está pedindo, de fato, que um projeto de lei com emendas "adequadas" seja enviado, pois em caso contrário, advertiu, a aprovação do pacote poderia depender da "próxima administração" democrata comandada por Joe Biden, que assume o poder em 20 de janeiro.

Pouca relação com a covid-19

"Pedirei ao Congresso que elimine imediatamente os itens inúteis e desnecessários dessa legislação e apenas me envie um projeto de lei adequado", afirmou o presidente, apesar do envolvimento da Casa Branca nas negociações sobre o texto com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

O projeto faz parte de um pacote mais amplo, que inclui o orçamento do próximo ano, motivo pelo qual inclui verbas para a cultura e a ajuda a outros países.

"Chama-se lei de ajuda para a covid, mas quase não tem nada a ver com a covid", acrescentou o presidente, citando a iniciativa negociada como uma confusão de questões que incluem ajudas a Camboja e Mianmar e o financiamento destinado ao exército egípcio quando este último - segundo ele - "vai comprar quase exclusivamente equipamento militar russo".

Também lamenta que o texto destine milhões de dólares para promover "programas de democracia e gênero" no Paquistão ou para instituições culturais nos Estados Unidos.

A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, reagiu no Twitter: "Os republicanos se negaram repetidamente a dizer o valor que o presidente desejava para os cheques diretos. Finalmente, o presidente concorda com 2.000 dólares. Os democratas estão prontos para levar isto à mesa esta semana e aprovar por consenso. Vamos a fazer".

E o senador republicano Lindsey Graham disse que, apesar do plano ser "imperfeito", é necessário que entre em vigor. "Quanto antes, melhor", escreveu no Twitter.

Trabalho conjunto

Democratas e republicanos chegaram a um acordo de princípio sobre medidas que incluem, em particular, cheques às famílias mais vulneráveis, ajudas a pequenas empresas e escolas, parcelas adicionais por desemprego de 300 dólares por semana, assim como sobre a distribuição equitativa de vacinas contra a covid-19.

A maior economia do mundo entrou em uma profunda recessão na primavera (hemisfério norte), a pior desde a crise da década de 1930, devido à paralisação das atividades em vários setores para conter o novo coronavírus, algo que provocou uma forte alta do desemprego.

A pandemia registrou novos picos nos últimos meses, o que freou a criação de empregos e a retomada das atividades.

O primeiro plano de assistência oficial, de 2,2 trilhões de dólares, foi aprovado com urgência no fim de março, durante a onda inicial da pandemia.

E incluía benefícios excepcionais para desempregados de 600 dólares por semana e o envio de cheques por 1.200 dólares a cada adulto.

O presidente eleito Biden afirmou que o plano de ajuda de 900 bilhões de dólares era "um primeiro passo", mas que não seria suficiente. O democrata vai pedir no próximo ano ao Congresso a aprovação de uma nova iniciativa para apoiar a economia americana.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Economia

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições

Ministros apresentam a Lula relação de projetos para receber investimentos da China