Guerra comercial: na sexta-feira, Donald Trump ameaçou Pequim com medidas drásticas (Damir Sagolji/Reuters)
AFP
Publicado em 25 de agosto de 2019 às 10h02.
O presidente americano Donald Trump não se arrepende da guerra comercial com a China e só "lamenta não ter aumentado mais as tarifas" sobre os produtos chineses, informou neste domingo uma porta-voz da Casa Branca.
"Foi perguntado ao presidente se ele 'queria mudar de opinião sobre a guerra comercial com a China', e sua resposta foi mal interpretada", declarou Stéphanie Grisham.
"O presidente Trump respondeu afirmativamente, (mas) porque lamenta não ter aumentado ainda mais as taxas", explicou.
Pouco antes, Trump deu a intender que flexibilizava sua posição nesta questão. "Sempre penso duas vezes, sobre todos os temas", havia dito.
Ainda neste domingo, Trump declarou que sua guerra comercial com a China não causa tensão na cúpula do G7, apesar das preocupações expressas por vários outros líderes.
O presidente dos Estados Unidos também afirmou em Biarritz (sudoeste da França) que não pretende tomar outras medidas contra Pequim neste momento.
"Eu acho que eles respeitam a guerra comercial. Ela deveria acontecer", disse Trump a repórteres antes de uma reunião com outros líderes do G7, incluindo Emmanuel Macron, Angela Merkel e Shinzo Abe.
Questionado sobre possíveis críticas de seus colegas sobre o assunto, ele insistiu: "não, de forma alguma. Eu não ouvi isso".
Muitos líderes expressaram preocupações sobre o impacto negativo deste conflito comercial sobre a economia global e os mercados. Como o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que declarou claramente a Donald Trump que é "a favor de uma paz comercial" e que "não gosta de impostos alfandegários".
Os mercados financeiros caíram após o anúncio de taxas adicionais americanas sobre um total de 550 bilhões de dólares em importações chinesas, em resposta a um novo aumento das tarifas chinesas.
O presidente americano admitiu ter algumas dúvidas sobre a conveniência de intensificar sua guerra comercial. Ele apontou que se absteria, no momento, de declarar um estado de emergência nacional que permitiria, segundo ele, ordenar que as empresas americanas deixem a China.
"Eu tenho o direito, se eu quiser. Posso declarar estado de emergência nacional. Mas não tenho essa intenção por enquanto", disse ele.
Em contrapartida, o republicano garantiu que está "muito perto" de concluir um "grande" acordo comercial com o Japão. Washington e Tóquio "trabalham nesse acordo há cinco meses", disse, antes de se reunir com Boris Johnson.
Na sexta-feira, Donald Trump ameaçou Pequim com medidas drásticas, tuitando que "as empresas americanas têm ordens para começar imediatamente a procurar uma alternativa à China".
Apesar de seus comentários mais sutis neste domingo, Trump defendeu sua estratégia em relação à China, a quem ele acusa de "roubo de propriedade intelectual da ordem de 300 a 500 bilhões de dólares por ano".
"Estamos perdendo um total de cerca de US$ 1 trilhão por ano. E, sob muitos aspectos, é uma emergência", disse ele.
Como vem dizendo há meses, o presidente americano reafirmou que a China acabará cedendo às demandas e mudando sua relação comercial com os Estados Unidos. "Estamos em discussões, eles querem um acordo tanto quanto nós", assegurou.