Economia

Trump encerra disputa e assina acordo comercial com a China

A China autorizará as importações de carne bovina após um embargo de 13 anos e as empresas chinesas poderão comprar gás natural nos EUA

Donald Trump e Xi jinping: Trump recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, no início de abril na Flórida, e defende agora uma aproximação com o gigante asiático (Carlos Barria/Reuters)

Donald Trump e Xi jinping: Trump recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, no início de abril na Flórida, e defende agora uma aproximação com o gigante asiático (Carlos Barria/Reuters)

A

AFP

Publicado em 12 de maio de 2017 às 15h54.

O presidente americano, Donald Trump, transformou a China em grande adversária durante sua campanha eleitoral, mas quatro meses depois de chegar à Casa Branca, sua administração anunciou nesta sexta-feira um acordo comercial com Pequim, na esperança de reduzir seu grande déficit comercial.

O presidente americano, que ameaçou com proibitivas tarifas alfandegárias uma China acusada de práticas comerciais desleais e de manipulação de divisas, moderou claramente seu discurso desde que assumiu o cargo.

Trump recebeu o presidente chinês, Xi Jinping, no início de abril em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida, e defende agora uma aproximação com o gigante asiático, buscando ajuda para tratar o delicado tema da Coreia do Norte.

Após a reunião com Xi, Trump falou em "progressos espetaculares" conquistados na relação sino-americana e prometeu um "plano de ação" de 100 dias para reforçar a cooperação entre os dois países.

O acordo anunciado nesta sexta-feira constitui um dos "primeiros resultados" desse plano, segundo um comunicado conjunto.

Ambos os países anunciaram este acordo comercial que garante as exportações de carne e gás dos Estados Unidos para a China, que vai aceitar alguns serviços financeiros americanos.

O acordo sino-americano é consecutivo ao compromisso de Trump de reduzir enorme déficit comercial dos Estados Unidos com a China, que em 2016 foi de quase 350 bilhões de dólares.

Euforia em Washington

"O fato de que possamos realizar semelhantes progressos em tão pouco tempo mostra que podemos aspirar a uma cooperação ainda maior em benefício mútuo", afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.

Em Washington, o tom era triunfal: "É um resultado excepcional. É mais do que tudo o que se fez na história das relações comerciais entre China e Estados Unidos", exclamou o secretário de Comércio, Wilbur Ross, citado pela agência Bloomberg.

Segundo o acordo, a China autorizará as importações de carne bovina após um embargo de 13 anos e as empresas chinesas poderão comprar gás natural nos Estados Unidos.

O texto do acordo estabelece que a China autorizará antes do fim de julho as importações de carne bovina americana.

A China suspendeu totalmente as importações de carne bovina procedente dos Estados Unidos em 2003 após a descoberta do primeiro caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como "mal da vaca louca" no país.

Os Estados Unidos pedem há anos a reabertura do mercado da China, onde o consumo de carne aumentou de forma espetacular, e que os pecuaristas americanos consideram crucial.

Em contrapartida, os Estados Unidos suprimirão "o quanto antes" as restrições à importação de carne aviária chinesa.

Em matéria energética, os Estados Unidos autorizarão as empresas chinesas para que possam comprar gás natural americano.

A China "não será tratada menos favoravelmente do que outros países" que não têm um acordo de livre-comércio com a maior potência econômica do mundo, estabelece o acordo.

Pequim, por sua vez, autorizará as empresas estrangeiras a oferecer serviços de classificação financeira na China e promete um "acesso rápido e completo" ao mercado chinês aos sistemas americanos de pagamento eletrônico.

Por último, a China comemorou o envio de uma delegação americana ao fórum diplomático "Novas rotas da seda", que começa no próximo domingo em Pequim. No comunicado, os Estados Unidos informaram que "reconhecem a importância" desse fórum.

Temas pendentes

As negociações entre os dois países vão continuar, garantem tanto Pequim como Washington.

O acordo revelado nesta sexta-feira não aborda os temas mais sensíveis das relações comerciais sino-americanas, como o aço e o alumínio. Os Estados Unidos continuam lançando investigações antidumping contra China, em nome da defesa dos "empregos norte-americanos".

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Xi Jinping

Mais de Economia

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo

Brasil será menos impactado por políticas do Trump, diz Campos Neto

OPINIÃO: Fim da linha