Agência de notícias
Publicado em 27 de julho de 2025 às 10h47.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reunirá com o presidente Donald Trump neste domingo, em uma tentativa de alcançar um acordo comercial antes do prazo final de sexta-feira, quando tarifas de 30% sobre as exportações do bloco para os EUA devem entrar em vigor.
A importância das negociações, marcadas para as 16h30 horário local (12h30 de Brasília) no resort de golfe de Trump em Turnberry, no oeste da Escócia, não poderia ser maior para von der Leyen. No entanto, após meses de negociações e diplomacia intermitente, a conclusão de um acordo depende principalmente de Trump.
Os embaixadores da UE, que estiveram em visita à Groenlândia neste fim de semana, devem ser informados antes da reunião. Autoridades da UE têm alertado repetidamente que o fechamento de um acordo depende, em última instância, de Trump, o que torna o desfecho imprevisível. O presidente dos EUA recentemente negociou com o Japão e pareceu mudar certos termos finais de forma improvisada antes de concluir um acordo.
“Negociações intensas em um nível técnico e político têm ocorrido de forma contínua”, disse Paula Pinho, porta-voz da presidente da Comissão. “Agora os líderes irão fazer um balanço e considerar a possibilidade de um resultado equilibrado que proporcione estabilidade e previsibilidade para empresas e consumidores de ambos os lados do Atlântico.”
A UE e os EUA estão se concentrando em um acordo que imporia tarifas de 15% sobre a maior parte do comércio europeu com os EUA. São esperadas isenções limitadas para o setor de aviação, alguns dispositivos médicos e medicamentos genéricos, diversas bebidas alcoólicas destiladas e um conjunto específico de equipamentos industriais dos quais os EUA precisam, segundo informou anteriormente a Bloomberg.
Importações de aço e alumínio provavelmente seriam enquadradas em cotas sob os arranjos em discussão, mas acima desse limite estariam sujeitas a uma tarifa mais elevada de 50%.
Além de uma tarifa universal, o presidente dos EUA impôs um imposto de 25% sobre carros e autopeças, e o dobro disso sobre aço e alumínio. Ele também ameaçou aplicar novas tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores já no próximo mês, e recentemente anunciou uma tarifa de 50% sobre o cobre.
A UE espera o mesmo teto de 15% para alguns setores que poderiam ser alvo de tarifas futuras, incluindo os produtos farmacêuticos, segundo fontes familiarizadas com o assunto. Mas esse é um dos pontos-chave em que a posição de Trump será crucial para o fechamento do acordo, acrescentaram essas fontes.
“Após uma boa conversa com @POTUS, concordamos em nos encontrar na Escócia no domingo para discutir as relações comerciais transatlânticas e como mantê-las fortes.” — Ursula von der Leyen (@vonderleyen), 25 de julho de 2025
“Vamos ver se conseguimos fechar um acordo”, disse Trump ao chegar na Escócia na sexta-feira. “Ursula estará aqui, uma mulher altamente respeitada. Estamos ansiosos por isso.”
Trump reiterou que acredita haver “50% de chance” de acordo com a UE, dizendo que ainda há impasses em “talvez 20 questões diferentes”, que ele preferiu não detalhar publicamente.
Ele deu estimativas semelhantes de probabilidade de acordo antes de deixar Washington, mas também disse que a UE tinha uma “chance razoavelmente boa” de conseguir um entendimento.
O presidente dos EUA anunciou tarifas sobre quase todos os parceiros comerciais do país em abril, declarando sua intenção de trazer de volta a manufatura doméstica, financiar uma extensão massiva de cortes de impostos e impedir que o resto do mundo — como ele costuma dizer — tire vantagem dos EUA.
Além das tarifas, qualquer acordo também abrangeria barreiras não tarifárias, cooperação em questões de segurança econômica e compras estratégicas da UE em setores como energia e chips de inteligência artificial, segundo informou anteriormente a Bloomberg. O bloco também se ofereceu para remover tarifas sobre muitos bens industriais e importações agrícolas não sensíveis.
Os termos de qualquer acordo inicial — que provavelmente assumirá a forma de uma breve declaração conjunta, se for firmado — precisarão ser aprovados pelos Estados-membros, segundo algumas fontes. Tal declaração seria vista como um passo inicial rumo a negociações mais detalhadas.
Diante da incerteza contínua, a União Europeia delineou, paralelamente, medidas de retaliação para um possível cenário sem acordo. Nesse caso, o bloco pretende impor rapidamente tarifas de até 30% sobre exportações americanas no valor de aproximadamente US$117 bilhões (cerca de R$ 650 bilhões) — incluindo aeronaves da Boeing, carros fabricados nos EUA e uísque bourbon — caso nenhum acordo seja alcançado ou se Trump seguir adiante com sua ameaça de aplicar essa tarifa sobre a maioria das exportações do bloco após 1º de agosto ou futuramente. O pacote também inclui algumas restrições à exportação de sucata metálica.
Na ausência de um acordo, o bloco também está preparado para acionar seu instrumento anticoerção, uma ferramenta poderosa que permitiria, eventualmente, retaliar em outras áreas, como acesso ao mercado, serviços e restrições em contratos públicos — desde que a maioria dos Estados-membros aprove seu uso.
Embora Trump não tenha vinculado explicitamente as negociações a temas não comerciais na sexta-feira, ele sugeriu que pretende levantar preocupações sobre os fluxos migratórios. Desde que voltou ao cargo, Trump tem adotado políticas severas contra a imigração, promovendo deportações em massa de pessoas em situação irregular nos EUA, além de restringir ainda mais os caminhos legais para imigração.
“Vocês têm que parar com essa invasão horrível que está acontecendo na Europa, em muitos países da Europa”, disse Trump, acrescentando que acredita que “a imigração está matando a Europa”.