Economia

Trump é cisne negro da economia, mas não pelo que você imagina

"Na medida que a China aperta a política, o que acontece nos EUA se torna crítico", diz relatório que lista possíveis eventos inesperados e de alto impacto

O presidente norte-americano Donald Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

O presidente norte-americano Donald Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de junho de 2017 às 08h00.

Última atualização em 4 de junho de 2017 às 08h00.

São Paulo - O que não faltam são polêmicas envolvendo Donald Trump, seja pelos seus tuítes da madrugada, suas relações com a Rússia ou por seu abandono recente do Acordo de Paris.

Mas não foi por essas razões que o presidente americano virou o maior "cisne negro" para a economia global, segundo relatório do Société Générale.

A tabela é divulgada a cada trimestre pelo banco francês e “cisnes negros” são um conceito criado por Nassim Nicholas Taleb para eventos inesperados e de alto impacto.

O maior risco atual é que os Estados Unidos não consigam passar nenhum dos cortes de impostos desejados por Trump.

Pouco se sabe até agora sobre os detalhes do seu plano tributário, mas o resumo já divulgado vai na direção de cortes que beneficiam os mais ricos e um grande aumento do déficit.

Para o mercado, o que importa é que isso seria um grande estímulo fiscal para a economia no curto prazo.

Se o plano não passar (chance de 30%), é um cisne negro. Se sair melhor do que o esperado (chance de 15%), é uma surpresa positiva para as projeções.

O SG nota que a atual expansão da economia americana começou em junho de 2009 e já é a terceira mais longa já registrada. Chegando em fevereiro de 2018, seria a segunda mais longa.

Mas para ser a primeira, o país precisaria continuar crescendo até maio de 2019 - quase 10 anos consecutivos.

"E na medida que a China aperta a política, o que acontece nos Estados Unidos se torna crítico", resume o relatório.

A possibilidade de um “pouso forçado” (desaceleração acentuada do crescimento) da China, risco recorrente nos relatórios do banco há anos, também segue no cardápio mas caiu de 20% para 15%.

No mesmo patamar está o risco de uma reprecificação em massa do mercado. O choque de incerteza de políticas na Europa caiu de 30% de chance no último relatório para 25% atualmente.

A derrota da nacionalista Marine Le Pen na França com a eleição de Emmanuel Macron foi positiva, mas seguem preocupando fatores como as negociações do Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e a fraqueza bancária na Itália.

Do lado positivo, aparecem possibilidades como o maior investimento em bens de capital (10%) e um processo acelerado de reformas na Europa (5%).

Veja na figura:

Tabela de cisnes negros

Tabela de cisnes negros (Société Générale/Rodrigo Sanches/Divulgação)

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