Trump: "Logo imporemos TAXAS RECÍPROCAS para que cobremos o mesmo que eles nos cobram" (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 2 de março de 2018 às 16h31.
O presidente americano, Donald Trump, reforçou nesta sexta-feira (2) suas ameaças de impor "taxas recíprocas" aos parceiros comerciais e afirmou que as "guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar".
Assim, Trump redobrou sua aposta no protecionismo que, na última quinta-feira, provocou uma onda global de rechaço, após o presidente americano anunciar a decisão de impor a partir da próxima semana tarifas de importação de 25% para o aço e de 10% para o alumínio.
O objetivo seria punir práticas comerciais que ele acredita serem desleais, aumentarem o déficit e roubarem empregos americanos.
O anúncio irritou parceiros comerciais como Canadá, Alemanha, México e União Europeia, bem como sua rival China.
"O risco de escalada é real", indicou nesta sexta-feira o diretor-geral do Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo.
Trump não disse quem sofrerá com a medida, mas os principais parceiros de Washington reagiram alertando que retaliarão se seus produtos forem sancionados, o que abre a porta para uma guerra comercial com consequências imprevisíveis.
A China pediu hoje a Washington que "restrinja" o uso de medidas protecionistas e "respeite as regras" do comércio internacional.
"Se outros países seguirem seus passos, isto teria um impacto grave na ordem do comércio mundial", afirmou Hua Chunying, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, nesta sexta-feira.
Trump ignorou os alertas e reclamações e sugeriu, nesta sexta, que seu governo está preparado para enfrentar eventuais consequências.
"Quando um país (EUA) está perdendo bilhões de dólares no comércio com virtualmente todos os países com os quais faz negócios, guerras comerciais são boas, e fáceis de ganhar", escreveu no Twitter.
"Por exemplo, quando estamos perdendo de US$ 100 bilhões com um certo país e eles ficam fofos, não negocie mais - nós ganhamos muito. É fácil!", escreveu o presidente, em uma exibição surpreendente do seu conhecimento do comércio internacional.
Também no Twitter, Trump lançou um alerta aos países que consideram tomar medidas de represálias contra os Estados Unidos.
"Logo imporemos TAXAS RECÍPROCAS para que cobremos o mesmo que eles nos cobram. Com um déficit comercial de 800 bilhões de dólares, não temos opção", disse.
Os Estados Unidos importam 20 milhões de toneladas de aço por ano, a 24 bilhões de dólares, o que faz do país o maior importador do mundo.
O México representa 9% das importações americanas de aço, enquanto o Brasil representa 13%.
O presidente da Comissão europeia Jean-Claude Juncker disse que a UE "reagirá com firmeza".
Foi o mesmo que a Alemanha, maior economia europeia: "A UE deve reagir de maneira firme às taxas de importação punitivas dos Estados Unidos, que ameaçam milhares de empregos na Europa" afirmou Sigmar Gabriel em um comunicado.
O Canadá, maior fornecedor de aço e alumínio aos Estados Unidos, considerou a decisão de Trump "inaceitável".
No México, a Câmara Nacional da Indústria de Ferro e do Aço pediu que "se responda de forma recíproca e imediata" à eventual imposição de tarifas.
A Rússia também expressou "preocupação" com a decisão de Donald Trump.