Economia

Trump celebra o USMCA, novo acordo comercial de EUA, México e Canadá

O acordo prevê proteção aos trabalhadores, normas ambientais mais rigorosas e atualizações da relação comercial que incluí o comércio eletrônico

Trump: O acordo vai reger cerca de US$ 1,2 trilhão em comércio, disse o presidente (Leah Millis/Reuters)

Trump: O acordo vai reger cerca de US$ 1,2 trilhão em comércio, disse o presidente (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 14h44.

Última atualização em 1 de outubro de 2018 às 14h51.

O presidente americano, Donald Trump, celebrou nesta segunda-feira (1º) o nascimento do USMCA, um "novo acordo comercial maravilhoso" entre Estados Unidos, Canadá e México para substituir o Nafta - alvo de críticas constantes dele.

O novo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês) foi alcançado no domingo à noite, após mais de um ano de negociações para renovar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês), em vigor desde 1994.

"O acordo vai reger cerca de US$ 1,2 trilhão em comércio, o que o torna o maior acordo comercial da história dos Estados Unidos", afirmou Trump em uma entrevista coletiva, em que indicou que pretende assiná-lo no fim de novembro.

"É um grande acordo para os três países. Resolve muitas deficiências e erros do Nafta", escreveu Trump no Twitter.

O americano conseguiu, assim, cumprir sua promessa de campanha de renegociar esse acordo.

No México, o atual presidente, Enrique Peña Nieto, e o futuro chanceler Marcelo Ebrard - designado pelo presidente eleito que assumirá em 1º de dezembro, Manuel López Obrador - celebraram o novo acordo.

"A modernização do acordo comercial entre México, Canadá e Estados Unidos conclui 13 meses de negociações e alcança o que nos propusemos no início: um acordo bom para as três partes", disse Peña Nieto no Twitter.

Já Ebrard apontou que um objetivo do novo governo é "manter a unidade da região por meio de um acordo trilateral" e "essa meta foi alcançada".

O México quer que o novo acordo comercial seja assinado no fim de novembro, à margem da cúpula do G20 de Buenos Aires, da qual os três mandatários participarão, afirmou nesta segunda o ministro mexicano da Economia, Ildefonso Guajardo.

O texto do USMCA chegou ao Senado mexicano na noite de domingo para ser discutido e potencialmente aprovado.

Pressão política

O novo pacto engloba uma região de 500 milhões de habitantes.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou nesta segunda-feira que o acordo é "totalmente benéfico" para o Canadá.

A pressão política para fechar um novo pacto trilateral antes da meia-noite de 30 de setembro era grande. O objetivo é que Peña Nieto pudesse assiná-lo antes de passar o poder a Obrador.

Segundo a legislação americana, o texto deve ser apresentado ao Congresso pela Casa Branca 60 dias antes de sua assinatura.

Trump também queria mostrar o sucesso de sua política protecionista "America First" ("Estados Unidos em primeiro") antes das eleições legislativas de novembro, nas quais seu Partido Republicano teme perder o controle do Congresso.

Trudeau, que corria o risco de ficar de fora do acordo entre Estados Unidos e México, também não queria demonstrar fraqueza antes das eleições gerais canadenses no próximo ano.

Na coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump elogiou o primeiro-ministro canadense.

"Houve muita tensão entre ele e eu e, mais especificamente, tudo deu certo. Sabe quando isso terminou? Por volta da meia-noite passada. Ele é um bom homem e ama o povo do Canadá", disse Trump.

O presidente americano também disse que teria "outras alternativas", caso os congressistas não aprovem o acordo.

"Os republicanos amaram. A indústria amou. Nosso país amou. Se for certo, vai passar com facilidade", afirmou.

Mercados satisfeitos

Alcançado de última hora, o USMCA foi bem recebido pelos mercados. Wall Street registrou forte alta nesta segunda. Já o dólar canadense chegou a seu valor máximo em cinco anos nos mercados asiáticos, quando a notícia foi divulgada.

O novo pacto "gerará mercados mais livres, um comércio mais justo e um crescimento econômico robusto em nossa região", afirmaram o representante comercial americano (USTR), Robert Lighthizer, e a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, em comunicado conjunto neste domingo, após seis semanas de negociações bilaterais intensas.

"A incorporação do Canadá era fundamental, porque acreditamos firmemente na América do Norte como uma região (...), mas sobretudo pela competitividade que implica para a região ter as mesmas regras", disse em Madri o chanceler mexicano, Luis Videgaray.

O Canadá acordou a abertura de seu mercado de laticínios aos produtos americanos e, em troca, Washington não alterou as disposições sobre a solução de disputas.

Os produtores de laticínios canadenses reagiram agressivamente, dizendo que o acordo teria um "impacto dramático" em seu setor e acusaram Trudeau de não cumprir sua palavra de que não assinaria um acordo ruim para os canadenses.

Trabalhadores mais protegidos

O USMCA inclui mais proteções para os trabalhadores, normas ambientais mais rigorosas e atualizações da relação comercial para levar em conta o comércio eletrônico, assim como proteções "inovadoras" à propriedade intelectual.

A Federação Americana do Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), com sede em Washington e que representa milhões de funcionários sindicalizados, disse que ainda é muito cedo para se pronunciar sobre o impacto do novo acordo.

A indústria automobilística, revolucionada pelo Nafta, é um dos setores mais importantes afetados pelo novo acordo. Os Estados Unidos queriam que houvesse um percentual maior de produtos americanos para carros livres de impostos, e o novo texto estimula o fornecimento de componentes americanos.

O novo acordo não cobre as tarifas sobre o aço e o alumínio impostas por Washington ao Canadá, ao México e a outros aliados. Segundo autoridades, elas estão sendo negociadas separadamente.

O USMCA vai vigorar durante 16 anos, mas será revisto a cada seis anos.

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