Economia

Trump aposta em desregulação, baixos impostos e protecionismo

Escolhas do presidente eleito dos EUA indicam o retorno do liberalismo econômico clássico, com ênfase no nacionalismo comercial

Donald Trump: proposta do empresário é que o governo federal deixe de intervir na economia e devolva esse papel à iniciativa privada (William Philpott/Reuters)

Donald Trump: proposta do empresário é que o governo federal deixe de intervir na economia e devolva esse papel à iniciativa privada (William Philpott/Reuters)

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EFE

Publicado em 3 de dezembro de 2016 às 15h19.

Washington - Com o anúncio dos secretários do Tesouro, Steven Mnuchin, e do Comércio, Wilbur Ross, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou que a economia de seu governo será marcada pela redução de impostos, a desregulação financeira e o protecionismo comercial.

Apesar de haver poucas dúvidas sobre as estratégias que seriam adotadas pelo empresário, que durante a campanha tinha destaco os eixos que seu governo adotaria caso ele chegasse à Casa Branca, as escolhas de Mnuchin e Ross confirma o retorno do liberalismo econômico clássico, com ênfase no nacionalismo comercial.

Mnuchin é um produto clássico de Wall Street: filho de banqueiro da Goldman Sachs e com talentos para fazer negócios nos momentos mais complicados da crise hipotecária e financeira de 2008.

Poucas horas depois do anúncio, Mnuchin reforçou a intenção de aplicar notáveis cortes de impostos para a classe média e desmontar a lei Dodd-Frank, defendida pelo presidente do país, Barack Obama, para elevar a regulação sobre as grandes instituições financeiras.

Com ele, Trump aposta em um banqueiro consolidado, apesar de deixar de lado uma das principais críticas que fez durante a campanha: a influência de Wall Street sobre o poder político.

"O primeiro problema com a Dodd-Frank é que é muito complicada e freia os empréstimos. Portanto, vamos reverter partes da lei e essa será a principal prioridade no lado da regulação", disse o novo secretário do Tesouro, que ainda precisa ser confirmado pelo Senado.

Em grande medida, os planos de Trump querem virar de cabeça pra baixo as medidas aplicadas por Obama, que herdou uma economia em coma após a explosão da maior crise sofrida pelos EUA desde 1929. O governo socorreu grandes empresas, como a seguradora AIG e a montadora General Motors para evitar que elas fossem à falência.

Agora que a economia está com uma boa saúde, segundo os indicadores macroeconômicos, com uma taxa de desemprego de 4,6% e uma inflação que começa a subir, a proposta de Trump é que o governo federal deixe de intervir e devolva esse papel à iniciativa privada.

Sobre impostos, a intenção de Mnuchin é simples e clara. "Haverá a maior redução desde (Ronald) Reagan", afirmou o secretário do Tesouro sobre o governo do ex-presidente entre 1981 e 1989.

No que se refere a Ross, multimilionário investidor, de 78 anos, e conhecido por sua capacidade de recuperar empresas falidas e pela experiência nos setores de mineração e siderurgia, o objetivo é reforçar a criação de emprego nos EUA e aprofundar o protecionismo comercial alardeada por Trump durante a campanha eleitoral.

Na última quinta-feira, Trump falou em uma visita a uma fábrica de Indiana sobre sua capacidade para conseguir manter 1 mil empregos no país, alertando que, a partir de agora, as companhias que queiram deixar o país sofrerão consequências.

Pouco depois, em um evento em Cincinnati, no estado de Ohio, que faz parte da "turnê de agradecimento" aos eleitores, Trump disse que as escolhas representam autênticos líderes capazes de "fazer dinheiro", rebatendo as críticas por ter selecionado milionários para fazer parte de sua equipe de governo.

Na oposição democrata, porém, os críticos não pouparam questionamentos ao presidente eleito.

"Steve Mnuchin é só outro privilegiado de Wall Street. Essa não é a mudança que Trump prometeu trazer a Washington. É hipocrisia em sua pior forma", disseram os senadores Bernie Sanders, de Vermont, e Elizabeth Warren, de Massachusetts.

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