Cabos de alta-tensão da CESP: segundo o governo de São Paulo, a licitação apenas da usina, como fez o governo federal, traria riscos à navegação na Hidrovia Tietê-Paraná (Marcos Issa/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2014 às 10h08.
Brasília - Do ponto de vista técnico, é praticamente obrigatório que a usina hidrelétrica de Três Irmãos seja licitada junto com as eclusas e o canal Pereira Barreto, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge. "A separação não é a solução mais lógica, nem a mais barata", afirmou.
"Ela pode gerar conflitos quanto ao uso da água." O ministro concedeu, na sexta-feira, 28, liminar suspendendo a assinatura do contrato de concessão da usina, que havia sido leiloada naquele dia.
Ele atendeu a pedidos do governo de São Paulo, segundo o qual a licitação apenas da usina, como fez o governo federal, traria riscos à navegação na Hidrovia Tietê-Paraná.
Empurra
Hoje, as Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp) operam a usina, as eclusas e o canal. O contrato de concessão venceu, e o governo federal leiloou apenas a parte de geração de energia, deixando as estruturas de navegação num limbo. Essa separação detonou um jogo de empurra entre a União e São Paulo.
"Os governos federal e estadual vão ter de chegar a um acordo", disse Jorge. "E há agora um agente novo, que é esse consórcio entre Furnas e um fundo privado, que está com a assinatura do contrato sub judice e terá interesse em resolver a questão o quanto antes."
Contradições
A disposição do governo federal em buscar uma solução, porém, parece próxima de zero. No próprio texto da liminar, Jorge informa que os ministérios de Minas e Energia e Transportes alegaram que a hidrovia é estadual.
Há, porém, "manifestações contraditórias" de órgãos federais sobre o caso, segundo notou. A Marinha, por exemplo, se mostrou preocupada com a operação e manutenção das eclusas.
"Mas isso é como o amor", comparou o ministro do TCU. "Às vezes o sujeito leva 25 anos sem achar uma namorada, mas depois se apaixona em um minuto."
O ministro deu, na sexta-feira, 28, um prazo de 15 dias para os órgãos interessados no caso se manifestarem. Os posicionamentos serão analisados pela área técnica. A ideia é ganhar tempo até que seja negociada uma solução.
No limite, informou o ministro, o TCU vai arbitrar o que acontecerá com as eclusas e o canal. Se, por exemplo, ele terá de ser incorporado à concessão de Três Irmãos ou se terá de ser objeto de outra licitação, para ser escolhido um operador. Jorge, porém, não quis adiantar qual seria a linha. "Eu posso propor uma solução e levar ao plenário", explicou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.