Economia

Trégua política antecede 2017 decisivo para Temer

Mesmo que nenhuma nova delação ou investigação estoure no período de festas, em 2017 as incertezas devem reemergir

Michel Temer: “Deveremos ter muito ruído no Congresso e estresse no mercado" (Adriano Machado/Reuters)

Michel Temer: “Deveremos ter muito ruído no Congresso e estresse no mercado" (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 17h44.

São Paulo - O mercado comemora o momento de trégua na política com o Congresso e o Judiciário entrando em recesso esta semana e as notícias sobre delações de políticos escasseando nos jornais.

Mas este alívio tem prazo de validade. Mesmo que nenhuma nova delação ou investigação estoure no período de festas, em 2017 as incertezas devem reemergir.

Com o fim do recesso no Legislativo e Judiciário, o clima em Brasília tem tudo para voltar a ser tenso para os políticos com a retomada da Lava Jato.

Em março, pode entrar em pauta uma uma série de testes para o governo, com a Previdência sendo avaliada pela comissão especial da reforma, o processo contra a chapa Dilma-Temer no TSE ganhando sequência e eventuais protestos, diz o cientista político Christopher Garman, da Eurasia.

“Deveremos ter muito ruído no Congresso e estresse no mercado.”

Garman, que manteve em 20% seu cálculo de probabilidade de Temer perder o mandato, considera que o cenário favorável à aprovação das reformas foi mantido ou até reforçado, mesmo com as turbulências recentes que envolvem o governo, Congresso e Judiciário.

As chances de aprovação de uma robusta reforma da Previdência, sobretudo, seriam maiores hoje do que há dois meses.

Antes, argumenta o consultor da Eurasia, parte do Congresso contava com a volta do crescimento em 2017 e já começava a achar que não se precisava mais de uma reforma tão rígida.

Com a piora recente das expectativas para a economia, contudo, o sentido de urgência em reduzir o déficit da Previdência aumentou.

Os parlamentares sabem que o mercado está preocupado com a fragilidade do país e se a reforma não passar o dólar pode facilmente subir para até R$ 4,00, diz Garman.

Apesar dos riscos políticos, o mercado tem conseguido recentemente manter os nervos sob controle graças à preservação da agenda das reformas, com a aprovação da PEC do teto de gastos e o fato de a reforma da Previdência ter passado na CCJ da Câmara.

O efeito do ruído político no mercado tem sido limitado, diz Maurício Oreng, estrategista do Rabobank. “Os pontos mais importantes para o mercado são reformas e governabilidade".

Para Oreng, o cenário base continua sendo de avanço das reformas no ano que vem, com a mudança na Previdência passando em meados do ano, possivelmente no terceiro trimestre.

Na visão do mercado, as mudanças estruturais são o pilar necessário para estabilizar a economia, interrompendo o crescimento da dívida, e assegurar a volta do crescimento.

As reformas são necessárias para pavimentar a chamada ”ponte” entre o momento atual e a eleição de 2018 e ganharam um peso tão grande no cenário da economia em 2017 que a aprovação, ou rejeição, das mudanças poderá ser decisiva até mesmo para o mandato de Temer, diz Christopher Garman. “Ou ele aprova as reformas ou ele cai.”

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