Economia

Transmissão de energia volta a atrair investidor

Especialistas têm visto uma movimentação maior de empresas de olho em projetos de linhas


	Linhas de transmissão: "Ao que tudo indica, o interesse privado para o leilão de transmissão vai ser bem considerável"
 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Linhas de transmissão: "Ao que tudo indica, o interesse privado para o leilão de transmissão vai ser bem considerável" (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2016 às 21h26.

São Paulo - Melhorias nas receitas oferecidas pelo governo a investidores de linhas de transmissão de eletricidade começam a atrair novas empresas para o segmento, que registra leilões de concessões com boa parte de lotes sem interessados desde 2014.

Especialistas têm visto uma movimentação maior de empresas de olho em projetos de linhas, enquanto se espera que a agência reguladora marque, em reunião na terça-feira, a data de um novo leilão com regras mais interessantes para os investidores.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá aprovar em seu encontro semanal a republicação do edital do próximo leilão de linhas de transmissão, que antes aconteceria em 2 de setembro, mas foi adiado com o objetivo de elevar o retorno dos projetos oferecidos.

"Ao que tudo indica, o interesse privado para o leilão de transmissão vai ser bem considerável... inclusive, no último leilão, quem entrou conseguiu um retorno bem interessante. Nesse próximo leilão estamos esperando algo parecido", afirmou à Reuters o sócio da consultoria Thoreos, Rodrigo de Barros.

Ele disse, sem entrar em detalhes ou citar nomes, que a empresa tem assessorado quatro investidores interessados no próximo certame de linhas, dos quais dois serão estreantes no segmento e dois passaram a olhar para a transmissão mais recentemente.

A portuguesa EDP Energias do Brasil já afirmou à Reuters que avalia estrear no setor.

A canadense Brookfield, por sua vez, também tem interesse em ampliar sua participação na transmissão, por meio de parcerias com empresas espanholas, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto, na condição de anonimato.

Procurada, a Brookfield não quis comentar.

Companhias de fora

O especialista do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Roberto Brandão, também vê grande potencial para a atração de novas empresas para esses investimentos, principalmente de companhias que ainda não atuavam diretamente no setor.

Esse movimento está ligado não somente à elevação das receitas, mas a outras melhorias na atratividade dos leilões, como a ampliação do prazo para conclusão das obras.

"As regras para diminuir o risco dos projetos melhoraram o retorno e o objetivo disso é atrair investidores não tradicionais, tanto de dentro quanto de fora do setor elétrico", disse Brandão.

Ele citou como exemplo elétricas que não investiam em linhas --caso da EDP Brasil--, agentes financeiros e fornecedores do segmento, como construtoras e fabricantes de equipamentos.

A tendência, assim, é que seja ampliado um movimento já visto na última licitação de concessões de transmissão, no qual apareceram entre os vencedores nomes como o fundo Pátria Investimentos e a construtora WTorre.

Apesar disso, ainda existem dúvidas sobre a capacidade de os leilões voltarem a ter grande disputa, como acontecia até 2013.

"O momento econômico e mesmo político ainda é muito complicado... e outro fator que joga contra é o volume (de linhas a serem licitadas). É tanta coisa que realmente teria que atrair muita gente", disse Brandão.

Também consta da pauta da reunião da Aneel, na terça-feira, a abertura de uma audiência pública para discutir o aprimoramento do modelo de definição da receita teto para licitações de linhas de energia.

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