Economia

Tragédia grega é pior que Grande Depressão (e sem esperança)

Volta ao crescimento durou pouco: em meio a negociações turbulentas, país vive uma das piores crises econômicas da história e a população paga o preço

Bandeiras da Grécia e moradora da cidade de Fira na ilha de Santorini (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

Bandeiras da Grécia e moradora da cidade de Fira na ilha de Santorini (Yorgos Karahalis/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de junho de 2015 às 12h40.

São Paulo - Depois de uma breve volta ao crescimento em meados do ano passado, a Grécia registrou dois trimestres de contração e já está novamente em recessão

A confiança empresarial não resistiu à turbulência nas negociações do resgate com os credores do país, o que ressuscitou com força a possibilidade de uma saída grega da zona do euro (mesmo que por "acidente").

Os executivos do continente estão resignados: 45% se preocupam com a "Grexit", contra 64% que se preocupam com o Reino Unido deixando a União Europeia ("Brexit").

Enquanto o governo se vê forçado a escolher entre pagar o FMI ou seus funcionários, a fuga de capitais explode: a conta financeira do país despencou em 25% do PIB total nos últimos 6 meses.

No balanço, a derrocada econômica da Grécia já supera em magnitude a Grande Depressão americana - e a curva de recuperação ainda não dobrou. Veja o gráfico postado semana passada pela RBS Economics:

Desde seu pico em meados de 2008, a economia grega já perdeu mais de um terço do seu valor. Nenhum outro país europeu passou, nem de perto, por uma situação tão dramática.

Quem mais sofre é a população grega. A renda disponível entre os mais ricos já voltou para níveis de 1985. Entre os mais pobres, o dinheiro na mão é equivalente ao registrado em 1980.

O desemprego é o maior da União Europeia (25,7% em janeiro) e chega a 50% entre os mais jovens. 3 a cada 4 desempregados gregos estão procurando emprego há mais de um ano.

A Grande Depressão americana, considerada o maior desastre econômico da história moderna (pelo menos até agora), causou uma queda de 27% no PIB dos Estados Unidos entre 1929 e 1933 e um pico de desemprego em 25%.

O colapso financeiro de 2008 também levou a uma recessão severa, mas a reação rápida fez com que o PIB dos EUA recuperasse seu nível pré-crise já em meados de 2011. O mesmo aconteceu em junho deste ano com os empregos perdidos; o desemprego só passou brevemente acima de dois dígitos.

A falta de dados confiáveis faz com que seja impossível concluir qual foi a pior depressão da história. Também estão na disputa os Estados Unidos depois da guerra civil no século XIX, a Libéria nos anos 80 e 90 e o Tajiquistão e outros países ex-soviéticos na transição para a economia de mercado.

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaDesempregoEuropaGréciaPiigsRecessãoUnião Europeia

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE