Economia

Tráfego aéreo, o novo ponto de discórdia entre EUA e China

Apenas quatro companhias chinesas operam atualmente voos entre EUA e China, e nenhuma americana. Trump considera a situação um obstáculo para a concorrência

 (Barcroft Media/Getty Images)

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AFP

Publicado em 4 de junho de 2020 às 07h04.

Última atualização em 4 de junho de 2020 às 10h35.

A China anunciou nesta quinta-feira (4) a retomada limitada dos voos internacionais na próxima semana, depois da ameaça de Washington de suspender os voos das companhias chinesas nos Estados Unidos, em um momento de novas tensões entre as duas potências.

A China, primeiro país afetado pelo novo coronavírus, reduziu drasticamente as conexões aéreas com o resto do mundo no fim de março por temer novos contágios procedentes do exterior.

Pequim permitiu às companhias aéreas um voo por semana com destino e a partir de um país estrangeiro, mas com base em uma lista de empresas ativas em 12 de março.

Porém, muitas companhias estrangeiras, especialmente as americanas, não estavam mais voando para a China nesta data devido à pandemia.

De fato, apenas quatro companhias chinesas operam atualmente voos entre Estados Unidos e China, e nenhuma americana. Washington considera a situação um obstáculo para a concorrência.

No fim de março, o país asiático também fechou suas fronteiras a todas as pessoas com visto e, inclusive, com permissão de residência.

E muitos permanecem retidos no exterior, sem a possibilidade de retornar para a China depois que viajaram durante o momento mais dramático da epidemia.

O país, no entanto, autorizou recentemente o retorno gradual de alguns cidadãos - coreanos, alemães e singapurianos - cuja presença é considerada essencial para a recuperação econômica.

A partir de 8 de junho, todas as companhias aéreas poderão operar um voo por semana a partir e com destino à China, inclusive as que já haviam interrompido os voos em 12 de março, anunciou a Autoridade de Regulamentação do Tráfego Aéreo da China (CAAC).

Violação de acordo

Em sua chegada ao território chinês, os passageiros serão submetidos a um teste, explicou a CAAC.

As companhias aéreas poderão ser autorizadas a operar um segundo voo semanal caso nenhum passageiro apresente resultado positivo para COVID-19 durante três semanas na mesma rota.

A medida foi anunciada um dia depois do governo do presidente americano Donald Trump ter anunciado a suspensão dos voos operados por companhias chinesas com destino aos Estados Unidos, em um contexto de grande tensão entre Pequim e Washington.

A suspensão será aplicada a partir de 16 de junho, mas poderá entrar em vigor mais cedo, se o presidente Donald Trump ordenar.

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A interdição afetará sete empresas chinesas, entre elas a Air China e a China Eastern Airlines, mas não inclui aviões de carga.

"As companhias aéreas dos Estados Unidos pediram para retomar o serviço de passageiros a partir de 1º de junho. A recusa do governo chinês em aprovar os pedidos é uma violação do nosso Acordo de Transporte Aéreo"

afirmou o Departamento americano dos Transportes em uma nota

Delta Air Lines e United Airlines suspenderam os voos a partir de e com destino à China em fevereiro e março devido à pandemia e para cumprir as restrições de viagens anunciadas no início de fevereiro pelo governo americano.

"Garantia de equidade"

Mas as duas empresas desejavam retomar as atividades na China este mês.

As represálias americanas foram bem recebidas pela Airlines for America, o principal grupo de lobby do setor, que considera as medidas uma boa forma de garantir a "equidade" e uma concorrência saudável.

Antes da epidemia, no início do ano, as companhias americanas e chinesas operavam 325 voos semanais entre os países.

O governo americano afirmou na quarta-feira que está disposto a anular sua decisão se Pequim atuar a favor das empresas americanas. Se Pequim ajustar sua política, estaremos "totalmente preparados para reexaminar a decisão".

As relações entre os dois países se deterioraram nas últimas semanas com a multiplicação das divergências, incluindo a questão de Hong Kong.

A China deseja impor ao território semiautônomo uma lei de segurança que provocou protestos internacionais generalizados.

O governo americano considera que o território não se beneficia mais da autonomia prometida por Pequim e começou a revisar o status preferencial que havia concedido a este importante centro financeiro.

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