Economia

Tractebel vê excesso de ativos de energia à venda no Brasil

Os elevados custos de financiamento encontrados atualmente no Brasil deverão fazer a Tractebel evitar novas emissões de dívida neste momento


	Tractebel: a própria Tractebel tem ativos que foram colocados à venda
 (Arquivo Tractebel Energia)

Tractebel: a própria Tractebel tem ativos que foram colocados à venda (Arquivo Tractebel Energia)

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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2016 às 13h13.

São Paulo - A Tractebel Energia, maior geradora privada do Brasil, acredita que há um excesso de ativos à venda no setor elétrico do país em um momento de elevado custo de financiamento, o que deverá reduzir a competição e eventualmente o preço de eventuais transações, afirmou o diretor financeiro, Eduardo Sattamini nesta segunda-feira, em encontro com investidores em São Paulo.

"Tem muita oferta e um número limitado de agentes que têm capacidade de absorver novos ativos. Muitos dos competidores têm o nível de endividamento elevado... Tem um número reduzido de players com recursos para investir... (O cenário) tende a apresentar mais oportunidades e ativos com preços mais convidativos", disse o executivo.

Questionado, Sattamini disse que a Tractebel tem analisado ativos que estão no mercado, como as hidrelétricas da norte-americana Duke Energy, que pretende se desfazer de suas usinas no Brasil e na América Latina para focar nos Estados Unidos, e termelétricas da Petrobras, que aposta em desinvestimentos para reduzir a dívida.

Também estão no radar da companhia eventuais novos leilões de hidrelétricas existentes, como o realizado pelo governo federal no ano passado.

As usinas de Jaguara, Miranda e São Simão, da Cemig, seriam as próximas a ter a concessão ofertada nesse modelo, mas a licitação depende do fim de uma disputa jurídica entre a União e a empresa pelos ativos.

"Tem muita coisa que está acontecendo no mercado... Um excesso de oferta de ativos. A gente está atuando e vai atuar de forma cuidadosa. Não vamos tomar nenhum tipo de atitude que nos previna de depois entrar em um ativo melhor. Estamos olhando tudo", disse.

A própria Tractebel tem ativos que foram colocados à venda --são duas usinas eólicas e uma pequena hidrelétrica que somam pouco mais de 60 megawatts em capacidade instalada.

Segundo Sattamini, há interessados, mas o elevado custo de financiamento tem travado a venda até o momento. "Se a gente vai ou não vender, acredito que vamos resolver no primeiro semestre. Só venderemos se fizer sentido", disse.

O diretor também comentou que os leilões de energia neste ano deverão ser menos atrativos para os geradores, em função da recessão, que tem deixado as distribuidoras de energia com sobras contratuais.

A Tractebel não vê, no entanto, necessidade de viabilizar mais projetos em certame neste ano, uma vez que já possui uma ampla carteira de empreendimentos em fase de implementação ou que deverão iniciar a construção brevemente, disse o executivo.

Captações em espera

Os elevados custos de financiamento encontrados atualmente no Brasil deverão fazer a Tractebel evitar novas emissões de dívida neste momento, afirmou Sattamini.

"A ideia da companhia é não trazer novas emissões ao mercado enquanto essas emissões estiverem apresentando custo acima do que a gente considera razoável... Seguramos os dividendos para que a gente possa passar por 2015 e 2016 com a companhia tranquila", disse Sattamini.

Ele afirmou, no entanto, que espera um bom resultado neste ano, diante da melhoria do quadro hidrológico, que deve favorecer a geração de caixa da companhia. Esse quadro poderá viabilizar um retorno a uma política de pagamento de dividendos mais fartos.

A companhia distribuiu 55 por cento do lucro líquido aos acionistas em 2015.

"Se a gente quiser voltar a pagar 100 por cento (do lucro em dividendos) e fizer sentido, a gente vai... Agora, a questão (para evitar captações) é cristalizar uma taxa de juros muito alta em compromissos de longo prazo. Não quero pegar dinheiro a esse custo", disse.

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