Economia

Trabalhadores municipais da Grécia ocupam prefeituras

Funcionários protestam contra as demissões do setor público exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional

Cerca de 3.000 trabalhadores municipais marcharam no centro de Atenas gritando "Medidas deles - funeral nosso" e segurando balões pretos (Yorgos Karahalis/Reuters)

Cerca de 3.000 trabalhadores municipais marcharam no centro de Atenas gritando "Medidas deles - funeral nosso" e segurando balões pretos (Yorgos Karahalis/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2012 às 13h00.

Atenas - Trabalhadores municipais gregos ocuparam centenas de prefeituras em todo o país pelo quinto dia nesta quinta-feira para protestar contra as demissões do setor público exigidas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.

A Grécia prometeu aos credores que irá reformar seu setor público inchado, colocando ao menos 27.000 trabalhadores em um esquema de demissões. Trabalhadores municipais e locais devem estar entre os primeiros a serem demitidos dentro do plano.

Os protestos se intensificaram desde que o governo grego aprovou um pacote de medidas de austeridade no início deste mês, com os trabalhadores esta semana fazendo uma manifestação sentada em mais de dois terços das 330 prefeituras e ministérios diversos do país.

As manifestações sentadas e as paralisações perturbaram os serviços públicos e deixaram lixo se acumulando em alguns bairros de Atenas.

Cerca de 3.000 trabalhadores municipais marcharam no centro de Atenas nesta quinta-feira gritando "Medidas deles - funeral nosso" e segurando balões pretos. Eles carregavam um caixão e três coroas de flores em um protesto simbólico contra o que chamaram de "eliminação do setor público".

"Eles pensam em nós como números e não como pessoas. Tenho medo de não ser capaz de sustentar a minha família e dar à minha filha de cinco anos tudo o que devo como mãe", disse à TV estatal Maria Kavvadia, que vem trabalhando para o município de Atenas por 12 anos.

Mais de 40.000 balconistas, professores de creches, jardineiros, coletores de lixo, policiais e coveiros são empregados em municípios de todo o país.


A ira dos gregos tem aumentado com as várias rodadas de medidas de austeridade, incluindo cortes de salários e pensões, exigidas pelos credores como preço da ajuda para evitar a falência.

O comissário europeu para assuntos econômicos, Olli Rehn, disse nesta quinta-feira que a Grécia tinha tomado todas as medidas necessárias para assegurar a sua próxima parcela de ajuda e os ministros das Finanças da zona euro devem conseguir assinar definitivamente a assistência na segunda-feira.

Dados divulgados nesta quinta-feira mostraram que a renda disponível das famílias diminuiu cerca de 14 por cento no segundo trimestre sobre o mesmo período de 2011, à medida que os salários caíram 15 por cento e os impostos subiram 37 por cento.

Funcionários de ministérios também realizaram protestos semelhantes, bloqueando diariamente a entrada do Ministério da Agricultura desde a semana passada. Dezenas de funcionários do Ministério da Saúde que protestam contra a demissão de 68 funcionários ocuparam o ministério na segunda-feira.

Uma semana atrás, os trabalhadores municipais invadiram um edifício onde as autoridades gregas e alemãs se reuniam no norte da cidade de Thessaloniki e arremessaram garrafas de água em um diplomata alemão.

Muitos municípios e departamentos do setor público também se recusaram a apresentar listas para o governo com os nomes de funcionários destinados a uma possível demissão dentro do esquema de demissões.

"Nós não vamos dar as listas não importa o que aconteça", disse Vassilis Polymeropoulos, chefe do sindicato dos trabalhadores municipais de Atenas. "Estamos determinados a continuar nossos protestos."

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