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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O Tesouro Nacional mantém um "colchão de liquidez" (reserva de recursos) estimado em mais de R$ 100 bilhões para enfrentar qualquer tipo de turbulência, caso a crise na zona do euro comece a refletir mais intensamente no Brasil. Os números exatos não são revelados, mas o cálculo leva em consideração as necessidades de refinanciamento da dívida pública federal durante pelo menos três meses.
Esse tipo de poupança vem sendo mantido pelo Tesouro como uma das estratégias para enfrentar a instabilidade no mercado financeiro. O colchão funciona como uma poupança, que ajudou em outras ocasiões e permitiu que o governo enfrentasse a crise do ano passado.
"A crise de 2008 foi um belo teste. Um teste de stress pelo qual o Brasil passou bem. E estamos muito confiantes, estamos muito bem posicionados para outras volatilidades pela frente", afirma o subsecretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle.
Ele explica que o colchão da dívida funciona da mesma forma que a poupança de uma família. Com o dinheiro poupado, em vez de ir ao banco tomar dinheiro com juros mais altos ou de usar o cheque especial, em alguns momentos é possível adiar o consumo ou usar a poupança, sem pagar taxas mais altas. Assim, fica mais fácil voltar ao mercado mais tarde, quando o dinheiro estiver mais barato. No caso do Tesouro, funciona da mesma forma.
"O Tesouro mantém esse caixa e, no momento de volatilidade, com o mercado nervoso, não precisa acessar o mercado e pagar qualquer preço", destaca Valle.
O subsecretário lembra que, além dessa estratégia, a administração da dívida pública federal mudou muito nos últimos anos, com o alongamento do tempo de resgate dos títulos públicos federais. Segundo ele, antigamente, 40% do estoque total da dívida vencia em um ano. Atualmente, a porcentagem de títulos para resgate no mesmo período é de 25%.
Tais fatores - redução da concentração da dívida e manutenção de uma reserva de dinheiro em caixa - deram ao gestor da dívida maior flexibilidade para enfrentar um mercado nervoso em determinados momentos, como o atual, com a crise na zona do euro e a aversão ao risco dos investidores.
"Isso [a estratégia do Tesouro] impacta positivamente a percepção de risco da dívida e ajuda a reduzir o custo. Impacta positivamente no custo e no risco. E, nessa crise, é a mesma coisa."
Paulo Valle explica ainda que as mudanças nos fundamentos da economia ajudaram o Tesouro a enfrentar melhor os problemas com o mercado financeiro, muitos deles, às vezes, provocados por questões inerentes à economia interna.
Ontem mesmo, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, chegou a afirmar que os problemas no Brasil têm ocorrido porque o mercado financeiro doméstico tende a pedir taxas mais elevadas pelos títulos públicos do que o Tesouro está propenso a pagar. O "colchão de liquidez", no entanto, tem permitido ao governo recusar as ofertas.