Economia

Tesouro diz que será mais conservador na gestão da dívida

Tesouro quer evitar ter que sancionar taxas mais altas no mercado e aumentar os vencimentos de curto prazo


	Coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, comenta os resultados do Relatório Mensal da Dívida Pública
 (Valter Campanato/ABr)

Coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, comenta os resultados do Relatório Mensal da Dívida Pública (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 21h58.

Brasília - O Tesouro Nacional disse nesta quarta-feira que será mais cauteloso este ano na sua estratégia reduzir a participação de títulos atrelados à Selic e alongar o perfil da dívida, diante de um cenário de maior incertezas nos mercados internacionais.

O Tesouro quer evitar ter que sancionar taxas mais altas no mercado e aumentar os vencimentos de curto prazo, caso insista em trocar os títulos com taxas flutuantes --atrelados à Selic- por títulos prefixados, que tem prazo menor.

"Este ano deve ser marcado por uma estratégia que trará progressos, mas que tende a ser mais conservadora em relação aos anos anteriores, evitando-se pressionar o mercado com a finalidade de promover fortes avanços na composição da dívida, diante de um cenário de incertezas globais.", disse o Tesouro em seu Plano Anual de Financiamento da Dívida Pública Federal(PAF) divulgado nesta quarta-feira.

O Tesouro Nacional estabeleceu como meta para o ano manter a parcela da dívida pública prefixada, que fechou 2013 em 42 por cento, entre 40 e 44 por cento do estoque total.

Já para a dívida atrelada à inflação, o objetivo é que fique entre 33 e 37 por cento, contra 34,53 por cento ao fim de 2013.

"O maior desafio para o Tesouro Nacional reside na necessidade de alongamento dos instrumentos com taxas de juros prefixadas (LTN e NTN-F), que atualmente apresentam prazo médio de 1,8 ano", disse o Tesouro no documento.

A meta para o estoque de papéis remunerados pela Selic foi fixada entre 14 e 19 por cento da dívida, ante 19,1 por cento realizados em 2013.


O PAF foi elaborado em cima de um cenário básico que prevê a continuidade do aumento do dinamismo das economias avançadas e redução das emergentes. O Tesouro também trabalhou com dois cenários alternativos, sendo um de possibilidade de redução pronunciada da liquidez global e outro de enfraquecimento da recuperação econômica global. Neste caso, prevê a "adoção de medidas econômicas de caráter anticíclico".

Necessidade de Financiamento

O Tesouro terá que rolar este ano cerca de 25 por cento do estoque total da dívida federal, que fechou 2013 em 2,123 trilhões de reais. Os vencimentos somam 544,4 bilhões de reais, sendo 535,1 bilhões de reais de dívida mobiliária interna e 9,3 bilhões de reais em dívida externa.

Como o Orçamento da União prevê gastos de 121,8 bilhões de reais para o pagamento da dívida, o Tesouro terá que emitir liquidamente 476,6 bilhões de reais para se financiar.

A previsão é que a dívida pública federal suba este ano para entre 2,17 trilhões e 2,32 trilhões de reais, e que o prazo médio seja ampliado para entre 4,3 e 4,5 anos, ante 4,2 anos em 2013.

A dívida pública federal cresceu em 2013 impactada, entre outros, por injeções de recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para tentar estimular a economia, de cerca de 40 bilhões de reais. . O Tesouro também injetou 8 bilhões de reais na Caixa Econômica Federal (CEF).

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