Economia

Temer falará com Trump para tentar excluir Brasil da taxa do aço

O Brasil não compete com a indústria siderúrgica norte-americana, uma vez que o aço que sai daqui é reprocessado lá

Barras de aço e ferro (Patty Chen/Reuters)

Barras de aço e ferro (Patty Chen/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de março de 2018 às 22h08.

O presidente Michel Temer recebeu no final da tarde de hoje (20) representantes das indústrias brasileiras do setor de aço. O objetivo foi pedir para que Temer converse com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e peça a exclusão do Brasil dos países atingidos pela nova tarifa para importação de aço e alumínio. A tarifa entra em vigor na próxima sexta-feira (23).

Temer conversou com Alexandre Lyra, presidente do Instituto do Aço, representante das empresas brasileiras produtoras de aço. Lyra disse que Temer vai atender ao pedido e conversar com Trump, embora não tenha precisado quando faria isso. "O presidente se comprometeu a entrar em contato com o presidente Trump com toda essa argumentação. Essa argumentação foi consolidada pela embaixada brasileira em Washington. O presidente já tem o conteúdo para essa conversa", disse Lyra.

Segundo o representante do instituto, a argumentação dada por ele ao presidente deve ser usada para convencer os Estados Unidos a incluir o Brasil na lista de países isentos da nova tarifa. Canadá e México já fazem parte dessa lista. De acordo com Lyra, o Brasil não compete com a indústria siderúrgica norte-americana, uma vez que o aço que sai daqui é reprocessado lá.

"Apesar de o Brasil ser o segundo maior exportador de aço para os EUA, 80% do que a gente exporta é reprocessado nos Estados Unidos. Não roubamos emprego do metalúrgico americano, fazemos parte da cadeia de fornecimento do aço", disse Lyra. Ele explicou ainda que o Brasil importa carvão mineral dos Estados Unidos, uma matéria-prima para fabricação do aço. "O maior mercado de carvão mineral dos EUA é o Brasil. Existe essa complementariedade. Exportamos US$ 2,4 bilhões de aço e importamos US$ 1 bilhão de carvão mineral", acrescentou.

Lyra também alertou o presidente sobre o risco que a indústria brasileira sofre com a medida norte-americana. Independentemente do pleito brasileiro ser atendido ou não, outros países incluídos na tarifa anunciada por Trump vão ofertar aço para o Brasil, desequilibrando a economia nacional.

"Brasil é um alvo fácil, porque é uma grande economia que está em processo de recuperação. Se o mecanismo de defesa comercial daqui não for efetivo, o aço que não for vendido para os EUA virá para cá. Aí essa retomada que estamos tendo na siderurgia será impactada".

Caso um telefonema de Temer não seja o suficiente para convencer Trump, o Brasil poderá entrar com uma representação na Organização Mundial de Comércio (OMC), como o próprio presidente adiantou na semana passada.

"Se não houver uma solução, digamos assim amigável, muito rápida, vamos formular uma representação à Organização Mundial do Comércio, mas não unilateralmente, não apenas o Brasil, mas com todos os países que tiveram prejuízo em função dessa medida tomada. Naturalmente, essa conjugação coletiva dos países dará mais força a essa representação", afirmou, depois de discursar na abertura do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.

Acompanhe tudo sobre:acoDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Michel Temer

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs