Economia

Temer discute alternativas de financiamento a exportações com Irã

Questão com o Irã está pendente desde a suspensão de parte das sanções comerciais contra o país

Michel Temer: antes de partir para o Brasil, no final da tarde, o presidente participará do evento Reuters Newsmaker, na sede da Reuters, em Nova York (Beto Barata/Palácio do Planalto/Flickr)

Michel Temer: antes de partir para o Brasil, no final da tarde, o presidente participará do evento Reuters Newsmaker, na sede da Reuters, em Nova York (Beto Barata/Palácio do Planalto/Flickr)

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Reuters

Publicado em 20 de setembro de 2017 às 09h03.

Nova York - No último dia de viagem a Nova York, o presidente Michel Temer discutirá nesta quarta-feira com o presidente iraniano, Hassan Houhani, uma maneira de permitir o financiamento de exportações do Brasil, um problema que o governo brasileiro tenta resolver desde a suspensão de parte das sanções comerciais contra o Irã.

No encontro, pedido por Houhani, o presidente iraniano deve insistir no tema, que interessa também ao Brasil, mas que, até agora, não teve uma solução satisfatória.

Apesar da suspensão das sanções comerciais ao Irã, os Estados Unidos mantêm o país na lista de sanções financeiras do Office of Foreign Assets Control (Ofac). Isso significa que bancos que operarem com títulos iranianos poderão ser punidos se negociarem também no mercado norte-americano.

O Brasil tenta resolver essa situação há mais de um ano. Um cálculo do governo brasileiro aponta para um potencial de pelo menos 20 bilhões de dólares em exportações para o Irã, especialmente na área de veículos. Foram iniciadas negociações com a Embraer para venda de jatos regionais e com a Marco Polo para fornecer ônibus, além de conversas sobre venda de caminhões, automóveis e alimentos.

"O governo brasileiro tem todo interesse. É um mercado novo, recém-aberto, que tem um enorme potencial", disse à Reuters uma fonte do governo brasileiro.

Apesar do interesse do Brasil e da pressão sobre o Banco doBrasil, não se encontrou ainda uma solução técnica para escapar das medidas norte-americanas. Chegou-se a avaliar o não uso de dólares nas transações para evitar as sanções, mas o diálogo não avançou.

Não há perspectiva de que uma solução saia do encontro desta quarta-feira, já que o encontro entre os dois presidentes é eminentemente político. "Isso é uma conversa para técnicos", disse a fonte. No entanto, uma determinação presidencial pode acelerar a decisão governamental de encontrar meios do dinheiro iraniano chegar ao Brasil.

A situação pode ficar ainda mais complicada se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmar suas ameaças e voltar a aumentar as sanções contra o Irã. Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, Trump atacou o Irã e ameaçou romper com o acordo fechado em 2015 por Barack Obama sobre o programa nuclear iraniano, que levou ao levantamento de parte das sanções.

Além de Houhani, Temer receberá ainda nesta quarta-feira o presidente da Guiana, David Granger. Mais cedo, participa da assinatura do Tratado para Proibição de Armas Nucleares, uma medida negociada pelo governo brasileiro.

Antes de partir para o Brasil, no final da tarde, o presidente participará do evento Reuters Newsmaker, na sede da Reuters, em Nova York.

O fórum de discussão reúne líderes mundiais em várias áreas para uma entrevista ao vivo com o editor-chefe da Reuters, Stephen Adler, e uma plateia de convidados.

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