Economia

Temer critica taxas do aço dos EUA, mas diz que governo deve aceitar cotas

Sobre a reforma da Previdência, o presidente não descartou que o tema possa voltar à pauta legislativa após as eleições

Michel Temer: "Não sei se vamos levar isso para a OMC ou não, mas por enquanto produtores não querem perder essas exportações" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: "Não sei se vamos levar isso para a OMC ou não, mas por enquanto produtores não querem perder essas exportações" (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de maio de 2018 às 15h24.

Brasília - O presidente Michel Temer criticou, nesta sexta-feira, 4, a decisão do Estados Unidos de sobretaxar o aço e o alumínio brasileiro. Em entrevista à NBR, Temer afirmou que a decisão não foi "útil" e deixou em aberto a possibilidade do Brasil recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). O presidente admitiu, no entanto, as chances de aceitar as chamadas cotas impostas pelos norte-americanos.

"Nós exportamos muito aço inacabado. Há uma tendência de aceitar as chamadas cotas que os Estados Unidos estão pleiteando (para o aço brasileiro). Isso ainda está em estudo. O mesmo vale para o alumínio", afirmou Temer. "Não sei se vamos levar isso para a OMC ou não, mas por enquanto produtores não querem perder essas exportações. Não foi útil essa decisão norte-americana, tanto que foi adiada. Quem sabe (essa decisão) seja adiada até o final do mês e nós possamos negociar melhores condições", disse.

Temer também comentou sobre os preços praticados pela Petrobras, ao ser questionado sobre a imagem da estatal em seu governo. Ele disse que a empresa melhorou financeiramente, na gestão de Pedro Parente, atual presidente, por conta da equiparação dos preços com o mercado internacional.

"A Petrobras era praticamente um palavrão cerca de dois anos atrás. Com isso as ações caíram. Com o Pedro Parente, a Petrobras logo se recuperou. Parente me disse que o melhor seria acompanharmos política de preços internacionais e é isso que temos feito. Isso dá muita credibilidade e vai continuar", explicou o presidente da República.

Sobre os elevados preços de combustível, Temer respondeu que, "lamentavelmente", a tendência é que se continue assim. "Caindo o preço internacional, o preço dos produtos da Petrobras cai também", explicou.

Sobre a reforma da Previdência, o presidente não descartou que o tema possa voltar à pauta legislativa após as eleições. Disse que, ainda assim, a tendência é que as alterações ocorram no próximo governo, já que sua gestão colocou o tema na pauta política do País. "Sem eleições pela frente, isso facilita a aprovação da reforma da Previdência."

Ao argumentar, no entanto, sobre as razões de o governo não ter conseguido aprovar o tema junto ao Parlamento, Temer lembrou da intervenção federal no Rio de Janeiro. "Entre a reforma da Previdência, de difícil aprovação, e a intervenção federal no Rio de Janeiro, tivemos que paralisar essa reforma", explicou.

O presidente também falou sobre os altos juros do cartão de crédito. Com um discurso voltado para o cidadão, ele explicou por que a redução da taxa Selic não derrubou também os juros praticados por bancos privados. Mas, na sequência, disse que o governo está num movimento para reduzir isso. A ideia é utilizar a Caixa Econômica Federal para pressionar que as instituições financeiras também joguem os juros para baixo.

"A tendência é reduzir juros do cartão de crédito. Já houve uma redução, mas estamos numa movimentação para garantir uma redução maior no juros dos bancos", disse. Sobre a queda da inflação, Temer disse que isso se deu pelo diálogo junto ao Congresso Nacional, o que trouxe confiança ao governo.

Ele também falou sobre medidas sociais do governo. Citou, mais uma vez, o reajuste acima da inflação para o Bolsa Família, o que não acontecia há dois anos, como destacou ele, e a possibilidade de lançar uma linha de crédito imobiliário pela Caixa Econômica ainda neste mês.

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