Economia

TCU permite uso de recursos do Fistel para cumprir regra de ouro

Governo pretende utilizar R$ 10,5 bilhões do Fistel para cumprir norma que impede emissão de dívida para pagar despesas correntes como salários e aluguéis

TCU: tribunal aprovou medida que é um dos caminhos encontrados para cobrir rombo de R$ 203,4 bilhões para 2018 (Divulgação/TCU/Divulgação)

TCU: tribunal aprovou medida que é um dos caminhos encontrados para cobrir rombo de R$ 203,4 bilhões para 2018 (Divulgação/TCU/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de maio de 2018 às 17h10.

Brasília - O Tribunal de Contas da União deu aval para que o governo federal utilize recursos de um fundo criado para financiar a fiscalização do setor de telecomunicação (Fistel), para cumprir a chamada "regra de ouro" do Orçamento.

A norma constitucional impede a emissão de dívida para pagar despesas correntes como salários e aluguéis. O governo federal já informou que o saldo do Fistel que pretende utilizar é de R$ 10,5 bilhões.

Essa medida é um dos caminhos encontrados pela área econômica para garantir o cumprimento da regra de ouro, que tem um rombo de R$ 203,4 bilhões para 2018.

Parte desse buraco será coberto com a segunda parcela de devolução de recursos pelo BNDES, no valor de R$ 100 bilhões, mas outras alternativas serão essenciais para fazer frente ao tamanho da insuficiência que existe para este ano.

Na semana passada, o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, disse que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) não perderá recursos com a operação. O objetivo do Fistel é custear despesas do governo federal na fiscalização das telecomunicações. É composto pelas taxas de Fiscalização de Instalação (TFI) e de Fiscalização de Funcionamento (TFF).

O TCU decidiu que o saldo remanescente na conta contábil do Fistel é de livre utilização pelo Tesouro Nacional, desde que garantida a operação normal da Anatel demonstrada no planejamento quinquenal de receitas e despesas, e assegurados os repasses dos recursos do Fistel que compõem as receitas do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), do Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)

O tribunal também esclareceu ao governo que o montante de recursos a ser desvinculado do Fistel "se condiciona ao atendimento das parcelas destinadas às necessidades plurianuais da Anatel e dos repasses para constituição das receitas do Fust, FNC e FNDCT, nos termos das leis específicas que criaram esses três fundos".

Consultas

Além do Fistel, o Ministério do Planejamento tem mais duas outras consultas ao TCU pendentes de análise. Uma é sobre a desvinculação de superávits de anos anteriores e de recursos de royalties de petróleo.

No caso dos royalties, a estimativa preliminar é de que a medida possa liberar outros R$ 27 bilhões. Até agora, segundo apurou a reportagem, a área técnica do TCU não vê impedimentos legais para atender ao governo.

A questão mais complexa é a dos royalties, porque, se ficar constatado que a vinculação é constitucional, seria necessária uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Com a intervenção federal no Rio de Janeiro, nenhuma PEC pode tramitar no Congresso.

Em último caso, na avaliação da área técnica da corte de contas, o governo poderia recorrer ao Congresso para aprovar um crédito suplementar - única exceção prevista na Constituição para permitir emissão de dívida para pagar despesas correntes.

Em abril, a equipe econômica do governo apresentou a solução para cumprir em 2019 a chamada 'regra de ouro' do Orçamento. O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2019 vai trazer uma autorização para prever receitas e despesas condicionadas à aprovação de um crédito suplementar ou especial de até R$ 254,3 bilhões, tamanho do rombo na regra para o ano que vem.

Acompanhe tudo sobre:TCUOrçamento federal

Mais de Economia

Após decisão do TCU, Haddad diz que continuará perseguindo meta fiscal

Senado adia votação de segundo projeto de regulamentação da Reforma Tributária

TCU diz que governo não pode mirar piso da meta fiscal e decisão pode levar a novo congelamento

Senado aprova projeto que cria espaço fiscal para combater impactos do tarifaço