Economia

Copom mantém Selic em 13,75% pela quarta reunião consecutiva

SELIC HOJE: Em primeira decisão no ano, Banco Central manteve taxa de juros em 13,75%. Selic está nesse patamar desde agosto de 2022

Qual a próxima reunião do Copom? Confira o calendário completo (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Qual a próxima reunião do Copom? Confira o calendário completo (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Carolina Riveira
Carolina Riveira

Repórter de Economia e Mundo

Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 18h36.

Última atualização em 20 de março de 2023 às 11h25.

Em sua primeira reunião de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, manutenção na taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.

A decisão veio em linha com as expectativas de economistas, que apostavam majoritariamente na manutenção da taxa.

A Selic está nesse patamar desde agosto de 2022, após altas sucessivas nos juros em resposta às pressões inflacionárias. Embora haja uma projeção de queda até o fim do ano, essa foi a quarta reunião seguida do Copom que terminou com a Selic mantida em 13,75%.

A decisão do Copom ocorre no mesmo dia em que o Fed, Banco Central dos Estados Unidos, anunciou redução no ritmo de alta de juros, com alta de 0,25 ponto percentual (veja aqui).

Com as decisões no Brasil e nos EUA divulgadas hoje, o dia é chamado de "Super Quarta" nos mercados brasileiros.

Quanto fica a Selic em 2023

A expectativa para 2023 é de alguma redução da Selic, sobretudo a partir do segundo semestre, após os ciclos de alta de juros nos últimos dois anos. Mas os riscos fiscais têm feito o mercado projetar uma queda mais lenta.

O último boletim Focus nesta semana traz mediana das projeções em 12,50% até o final do ano, isto é, com uma queda de somente 1,25 ponto percentual em relação ao valor atual. A projeção tem aumentado nos últimos meses. Em novembro passado, na primeira projeção após as eleições presidenciais, a aposta era de que a Selic terminasse o ano em patamar menor, de 11,25%.

Entre março de 2021 (quando saiu da mínima histórica de 2%) e agosto de 2022, a Selic subiu 12 vezes, uma resposta do Copom via juros ao aumento da inflação. A partir de setembro, o movimento de alta do Copom foi interrompido e a Selic permaneceu estável no patamar atual de 13,75%.

A alta de juros ocorreu em cenário de aumento da inflação nos anos de pandemia. A inflação brasileira chegou a superar dois dígitos, mas caiu no fim do ano passado em meio à desoneração dos combustíveis, queda no preço das commodities no exterior e alguma resposta à alta de juros. O IPCA, principal índice inflacionário brasileiro, fechou 2022 em 5,79%, abaixo dos 10,06% de 2021 mas ainda acima do teto da meta. Para 2023, a projeção no boletim Focus é de IPCA em 5,74%, novamente acima da meta.

No restante do ano, ainda há incerteza sobre a política econômica do novo governo do presidente Lula (PT) em temas fiscais, o que pode impactar a trajetória da Selic.

Por enquanto, o governo deve centrar os esforços na reforma tributária e na nova âncora fiscal que substituirá o atual Teto de Gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que ambas as pautas serão prioridades nos primeiros meses de negociação do governo com o Congresso, e novas sinalizações sobre o tema devem ajudar a aprimorar as projeções para os juros.

Alta de juros do Fed

Nos EUA, o Fed elevou nesta quarta-feira a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (p.p.), para o intervalo entre 4,5% e 4,75%. A alta veio menor do que nas reuniões anteriores, em linha com as projeções do mercado.

O Fed havia tido quatro altas consecutivas de 0,75 p.p., seguidas de alta de 0,5 p.p na reunião de dezembro.

A inflação nos EUA, após atingir seu maior patamar em 40 anos, passou a desacelerar no fim do ano, abrindo espaço para suavização do aperto monetário. A inflação americana terminou 2022 em 6,5% — confirmando a desaceleração após o índice chegar perto de 9% no primeiro semestre, no auge da alta dos combustíveis diante da guerra na Ucrânia. "Pela primeira vez podemos dizer que o processo desinflacionário está em andamento, principalmente no setor de produtos", disse o presidente do Fed, Jerome Powell, após o anúncio de hoje.

Acompanhe tudo sobre:JurosSelicCopomRoberto Campos Neto

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições