Economia

Taxa de investimento volta a crescer após 3º tri, prevê Itaú

As concessões públicas, o consumo e a Selic em sua mínima histórica devem ajudar os investimentos a contribuir para o desempenho da economia

Itaú: "A gente espera que o investimento fique acima da linha" (Vanderlei Almeida/Getty Images)

Itaú: "A gente espera que o investimento fique acima da linha" (Vanderlei Almeida/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 18h25.

São Paulo - Um dos principais motores da atividade econômica, a taxa de investimento da economia brasileira voltou a crescer a partir do terceiro trimestre e permanecerá em terreno positivo, mas não o suficiente para o crescimento do PIB ultrapassar 0,8 por cento neste ano, avaliaram economistas do Itaú Unibanco.

"A gente espera que o investimento fique acima da linha. O investimento é mais volátil, mas a tendência é continuar no positivo", afirmou o economista-chefe do banco, Mário Mesquita, durante evento com jornalistas nesta quinta-feira em São Paulo.

Nos próximos meses, o programa de concessões públicas, a recuperação gradual do consumo e a taxa básica de juros em sua mínima histórica devem ajudar os investimentos a contribuir positivamente para o desempenho da economia, segundo Mesquita.

Depois de levar a Selic a 7,5 por cento ao ano, o Banco Central deve promover um novo corte para 7 por cento em sua última reunião do ano e deixar a taxa básica em 6,5 por cento no início do ano que vem, segundo o Itaú, que vê possibilidade de aumento dos juros somente em 2019.

"Boa parte dos investimentos até agora foi para manutenção do parque, para evitar depreciação. O horizonte de investimentos é de longo prazo, se houver condições favoráveis, como juros baixos, pode ser que antecipem investimentos", avaliou Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.

O PIB brasileiro cresceu 0,2 por cento no segundo trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses do ano, impulsionado pelo consumo das famílias, mas com investimentos produtivos em queda. Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou 0,7 por cento na comparação com janeiro a março e despencou 6,5 por cento sobre um ano antes. Os dados do terceiro trimestre serão divulgados pelo IBGE no dia 1º de dezembro.

No cenário do Itaú, o principal risco nos próximos anos é a questão fiscal. Em seu cenário principal, Mário Mesquita mantém previsão de que a reforma da Previdência só será aprovada pelo Congresso em 2019, a tempo de evitar que o futuro governo descumpra no ano seguinte o teto de gastos previsto na Constituição.

Porém, mesmo após a eventual modernização das leis previdenciárias, as despesas do governo continuarão em foco.

Para que o teto de gastos não seja rompido até 2025, o governo precisará eliminar o abono salarial, reformar o seguro desemprego, reinstituir a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento de empresas beneficiadas no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e cortar subsídios, avalia Mesquita.

Ainda que cumpridas todas essas medidas, o resultado primário sairá do negativo somente em 2021. "A equação fiscal é uma agenda que não é mais de governo, é uma agenda de Estado", avaliou Pedro Schneider, outro economista do Itaú Unibanco.

A taxa de desemprego, cujo comportamento tem influência decisiva nas eleições presidenciais, deve reduzir o ritmo de queda observado nos últimos meses, e terminar o ano que vem em 11,8 por cento, de acordo com o banco.

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