Economia

Taxa de investimento pode ficar abaixo de 18% do PIB

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projeta que o investimento em relação ao PIB encerre o ano em 17,9%


	Prédios em São Paulo: desempenho fraco do setor imobiliário
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Prédios em São Paulo: desempenho fraco do setor imobiliário (Paulo Fridman/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2014 às 09h07.

São Paulo - O pouco ânimo dos empresários da indústria para fazer investimentos destinados à ampliação da capacidade de produção deve provocar neste ano um recuo no indicador que mede a relação entre investimento total da economia em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Em 2013, o investimento representou 18,4% do PIB e foi ligeiramente maior do que no ano anterior (18,2%).

Levando em conta pesquisa sobre os planos das empresas, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projeta que o investimento em relação ao PIB encerre o ano em 17,9%. "Essa estimativa aponta que o investimento neste ano será menor do que em 2013 e muito abaixo da projeção do Plano Brasil Maior, que esperava que o investimento chegaria a 22,4% do PIB em 2014", afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor de Fiesp e responsável pela pesquisa sobre intenção de investimentos. Lançado pelo governo federal no segundo semestre de 2011, o Plano Brasil Maior é um conjunto de medidas para estimular a produção da indústria brasileira.

A projeção da Fiesp é, de certa forma, compartilhada pela economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria. "Antes eu projetava que a relação entre investimento e PIB seria mantida em 18,4% este ano. Agora, certamente ficará abaixo disso."

Alessandra não fechou a nova projeção para o indicador, mas mudou radicalmente a sua análise, depois de conhecer os números da economia do primeiro trimestre. Antes, ela esperava crescimento do investimento de 2% para este ano. Agora aposta numa queda entre 1,5% e 2%. "As notícias não são muito boas nessa seara", diz. O que mais pesa no resultado do indicador é o desempenho da indústria, que responde por 55% do investimento total.

O resultado dos fabricantes de máquinas é um indicador da tendência dos investimentos. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas, o consumo aparente de máquinas - produção nacional somada à importação e descontada a exportação - caiu 14% no primeiro trimestre em comparação a igual período de 2013. "A queda do consumo, tanto nacional quanto de importados, confirma a redução de investimentos produtivos no Brasil", ressalta o relatório da entidade.

Na avaliação de Alessandra, o segundo ponto que indica o recuo do investimento é o desempenho mais fraco do setor imobiliário neste começo de ano. A construção civil, residencial e de obras públicas, pesa 45% no investimento. A economista lembra que o enfraquecimento do mercado de trabalho, a queda da confiança do consumidor e o menor crescimento da renda do trabalhador esfriaram a construção civil residencial. "Além disso, estávamos esperando um impulso maior das obras por conta da Copa, o que não se concretizou."

Outro ponto lembrado por Alessandra que indica a baixa disposição do empresário para investir é que as consultas das companhias para tomar crédito no BNDES têm recuado nos últimos meses. "Tomar crédito para quê, num ambiente no qual a atividade cresce pouquíssimo?", pergunta a economista.

Confiança. Para o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Aloisio Campelo, os índices de confiança dos empresários da indústria, do comércio e do setor de serviços e da construção civil são um bom termômetro de como a iniciativa privada avalia o momento e faz planos para o seu negócio.

Segundo o economista, em abril houve um baque na confiança dos empresários. De 72 segmentos pesquisados, a confiança dos empresários recuou sobre março em 77% dos segmentos. Esse é o maior grau de difusão de queda da confiança desde abril de 2010. "A queda na confiança está bem espalhada e essa expectativa negativa não combina com investimento", alerta Campelo.

Para este ano, Campelo diz que o País ficará estagnado em termos de investimento. "A piora vem sendo sinalizada desde o fim de 2013, com a deterioração das expectativas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraFiesPIBPIB do Brasil

Mais de Economia

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje

Desafio não vai ser isentar, vai ser compensar com quem não paga, diz Haddad, sobre isenção de IR

Dino intima governo a explicar se emendas Pix para eventos cumprem regras de transparência

Governo deverá bloquear R$ 18,6 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprir regras fiscais, diz Senado