Economia

Taxa de desemprego sobe para 13,3% no 2º trimestre, diz IBGE

Com muitos trabalhadores fora da força em função da pandemia, número de pessoas ocupadas no Brasil teve redução recorde de 9,6% no período

 (Roberto Parizotti/Fotos Públicas)

(Roberto Parizotti/Fotos Públicas)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 09h09.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 10h30.

A taxa de desemprego subiu para 13,3% no trimestre que vai de abril a junho, uma alta de 1,1 ponto percentual (p.p.) em relação ao período anterior, findo em março. informou o IBGE nesta quinta-feira, 6.

Em relação ao mesmo trimestre do ano passado (12,0%), a alta da taxa foi de 1,3 (p.p.).

Com muitos brasileiros fora da força de trabalho (soma de ocupados e desocupados), em função da pandemia do coronavírus, o número de pessoas ocupadas no Brasil teve redução recorde de 9,6% no segundo trimestre, segundo o instituto: 8,9 milhões de pessoas a menos.

Esse movimento também influencia na taxa de informalidade, que acaba caindo pelo fato de ter menos pessoas trabalhando. No segundo trimestre, a taxa foi de 36,9% da população ocupada, ou 30,8 milhões de trabalhadores informais, a menor da série iniciada em 2016, segundo o instituto. 

Paralelamente, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado caiu para 30,2 milhões, menor nível da série e 8,9% abaixo do trimestre anterior (menos 2,9 milhões) e 9,2% (menos 3,1 milhões) abaixo do mesmo trimestre de 2019.

Já a população desocupada ficou estável em 12,8 milhões de pessoas tanto na comparação trimestral quando na anual.

Recorde de subutilização e desalentados

A taxa de subutilização — que considera todo aquele que está desempregado, trabalha menos do que poderia ou não procurou emprego apesar de estar disponível para trabalhar —, atingiu o recorde de 29,1%, com alta de 4,8 p.p. em relação ao trimestre anterior, e de 4,3 p.p. em relação a 2019, diz o IBGE. Trata-se de um acréscimo de 31,9 milhões de pessoas.

A população fora da força de trabalho foi para 77,8 milhões, o maior contingente da série, com alta em ambas as comparações: 15,6% (mais 10,5 milhões de pessoas) comparada ao trimestre anterior e 20,1% (mais 13,0 milhões de pessoas) frente a igual trimestre de 2019.

Já a população desalentada, com 5,7 milhões de pessoas a mais, foi recorde na série histórica, com alta de 19,1% (mais 913 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 16,5% (mais 806 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.

O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,6%) foi recorde, com a alta de 1,2 ponto percentual tanto em relação ao trimestre anterior (4,3%) quanto a igual trimestre de 2019 (4,4%).

Último a se recuperar

Apesar de ser o mais alto em três anos, o número do desemprego ainda diz pouco sobre os estragos que o mercado de trabalho pode sofrer até o fim deste ano.

Analistas esperam que, assim que a população voltar a procurar por uma oportunidade de trabalho, seja ela formal ou informal, a taxa do IBGE deverá dar um salto, terminando o ano próxima de 17%.

Outro possível agravante que tem causado preocupação é o efeito negativo que pode gerar o fim da política de auxílio emergencial adotada durante o estado de calamidade pública. O governo pode estender o programa até o fim do ano, mas provavelmente com valores menores de R$ 600 por mês.

Ainda é uma incógnita a reação do mercado de trabalho a essas movimentações, mas as expectativas não são boas, já que ele é sempre o último a se recuperar de uma crise, em função de depender muito da confiança de empresários na economia.

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