Economia

Tarifas dos EUA devem criar oportunidades a montadoras no Brasil

As sobretaxas podem favorecer queda nos preços dos dois insumos, o que pode contribuir para revisões nos preços pelas siderúrgicas no país, diz Anfavea

Montadoras: por outro lado, empresas podem ver um aumento da competição pelo mercado brasileiro em um eventual rearranjo global da indústria automotiva (Germano Lüders/Site Exame)

Montadoras: por outro lado, empresas podem ver um aumento da competição pelo mercado brasileiro em um eventual rearranjo global da indústria automotiva (Germano Lüders/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 6 de março de 2018 às 17h42.

São Paulo - As montadoras de veículos no Brasil podem se beneficiar da provável imposição de tarifas de importação para aço e alumínio nos Estados Unidos, mas por outro lado podem ver um aumento da competição pelo mercado brasileiro em um eventual rearranjo global da indústria automotiva, afirmou o presidente da associação de montadoras instaladas no Brasil, Anfavea, nesta terça-feira.

Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea, as sobretaxas norte-americanas sobre aço e alumínio podem favorecer uma queda nos preços internacionais dos dois insumos, o que pode contribuir para revisões nos preços praticados pelas siderúrgicas no Brasil.

Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país imporia tarifas de importação de 25 por cento para o aço e de 10 por cento para o alumínio. O anúncio desencadeou ameaças de retaliação por parte da União Europeia e outros receios de que o país esteja caminhando para uma guerra comercial.

No início deste ano, siderúrgicas brasileira elevaram seus preços ao setor automotivo em cerca de 25 por cento, depois de terem reajustado contratos de fornecimento entre 25 e 28 por cento em 2017.

"Embora seja negativo para o comércio global, é uma oportunidade para indústria automotiva brasileira", disse Megale. "As exportações que antes iam para os Estados Unidos, vão ter de ser direcionadas a outros mercados sob condições mais favoráveis e isso pode implicar em preços menores (de aço e alumínio) no Brasil", disse Megale, acreditando que eventuais impactos no país devem ocorrer mais a médio prazo.

Sobre a possibilidade de aumento de custos às montadoras dos EUA e potencial criação de espaço para exportações de veículos ao país, Megale afirmou que Washington mantém postura protetora de seu mercado, exigindo percentuais crescentes de conteúdo local para os veículos vendidos nos EUA.

Este protecionismo dos Estados Unidos pode fazer o Brasil virar um cliente maior de veículos do México, rivalizando com a Argentina, atualmente principal parceiro brasileiro no comércio de veículos.

No primeiro bimestre, as exportações de veículos do Brasil para o México caíram 47 por cento sobre um ano antes, para cerca de 7.500 unidades, informou a Anfavea nesta terça-feira, em meio a uma queda nas vendas no mercado interno mexicano de 9,4 por cento na comparação anual. Enquanto isso, as exportações totais de veículos do México subiram 8,5 por cento sobre um ano antes, para 507 mil unidades, segundo a associação local de montadoras, Amia.

Como comparação, o Brasil exportou no primeiro bimestre 112,7 mil veículos, uma alta anual de 7,2 por cento. O principal mercado foi a Argentina, destino de 74 por cento deste volume, segundo a Anfavea.

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