Repórter
Publicado em 10 de julho de 2025 às 08h58.
A escalada comercial entre Brasil e Estados Unidos, impulsionada pelo anúncio de uma tarifa de 40% por Donald Trump, deve gerar impacto econômico limitado ao Brasil, segundo estudo divulgado pela Oxford Economics. Mesmo com retaliação total por parte do governo brasileiro, a perda projetada no Produto Interno Bruto (PIB) para 2026 é de apenas 0,1%.
O modelo macroeconômico global da Oxford aponta que apenas 10% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, o que representa cerca de 2% do PIB. A relativa diversificação comercial do Brasil e o perfil de economia fechada ajudam a amortecer o choque, segundo Felipe Camargo, economista da América Latina da Oxford Economics.
Segundo o relatório, a maior consequência viria da erosão da confiança dos empresários e da incerteza nos investimentos fixos, e não diretamente da redução nas exportações. A projeção também indica uma provável depreciação do real, o que poderia compensar parte da perda com aumento da competitividade externa.
A nova tarifa anunciada por Trump amplia os 10% implementados em abril e está programada para entrar em vigor em 1º de agosto. A Oxford Economics ressalta que a carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter caráter mais político do que comercial, e funcionar como instrumento de negociação.
A carta faz menção direta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e às investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. Analistas apontam que a motivação da medida foge da lógica comercial clássica e mira decisões internas do sistema político e judiciário brasileiro.
Apesar disso, o relatório considera improvável que a ameaça tarifária leve a mudanças substanciais no cenário político interno do Brasil, como o arquivamento de investigações ou alterações nos julgamentos em curso.
O presidente Lula reagiu ao anúncio afirmando que o Brasil pode aplicar medidas de retaliação com base na Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada em abril. O relatório da Oxford Economics avalia que uma guerra comercial ampla é improvável, mas alerta que as tarifas dos EUA contra o Brasil podem ultrapassar os 10% assumidos como base pelo mercado até o momento.
Ainda assim, a consultoria sustenta que a estrutura comercial do Brasil garante certo nível de resiliência. A diversificação dos parceiros comerciais e o tamanho do mercado interno atuam como amortecedores, aponta o relatório.