Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 01h01.
A tarifa de importação de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos terá impacto limitado na economia do Brasil, mas pode resultar na perda de até 146 mil postos de trabalho, formais e informais, em todo o país ao longo de dois anos, segundo alguns levantamentos.
Analistas projetam um impacto negativo de 0,13% a 0,6% no PIB em 2025. O Boletim Focus, por sua vez, projeta um crescimento de 2,23% para o PIB brasileiro neste ano.
Em julho, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou as tarifas, sem especificar as isenções, a queda máxima esperada para o PIB era de até 1,5 ponto percentual.
Com a isenção de 694 itens, como suco de laranja, minérios, petróleo e aviões, o efeito será principalmente microeconômico, sem grandes impactos na macroeconomia do Brasil, como afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à BandNews na última segunda-feira, 5.
Os produtos fora da isenção terão tarifa de 50%. O governo americano havia anunciado taxa mínima de 10% para o Brasil em 2 de abril. Os produtos isentos agora ficarão com a taxa de 10%.
Segundo estimativas dos bancos Daycoval e XP, as exportações brasileiras podem ser reduzidas em até US$ 4 bilhões.
Em relatório, o UBS BB afirma que o efeito sobre a economia será "quase nulo", pois acredita que uma parte significativa das exportações pode ser "facilmente redirecionada para outros mercados" ou internalizada no Brasil.
Segundo os cálculos do banco de investimento, pelo menos 74% das exportações afetadas poderiam ser redirecionadas.
Ainda existe a expectativa de que setores como o do café – um produto não produzido nos Estados Unidos – possam ser isentos. Na semana passada, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que produtos não produzidos internamente pelos EUA podem entrar no país com tarifa zero.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços estima que, do total de US$ 40,4 bilhões em exportações, US$ 14,5 bilhões (ou 35,9%) estarão sujeitos à tarifa adicional de 50%.
Apesar do impacto limitado na economia, setores produtivos se preocupam com o mercado de trabalho.
De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), as tarifas podem eliminar até 146 mil postos formais e informais em todo o país no prazo de dois anos.
A renda das famílias brasileiras pode ter queda de R$ 2,74 bilhões no mesmo período.
Entre os produtos mais atingidos estão carne bovina, café, produtos semimanufaturados de ferro e aço, além de bens manufaturados. Os setores industriais com maior exposição às tarifas são siderurgias, fabricação de calçados, máquinas e equipamentos, produtos de madeira e agropecuária.