Economia

Suspensão de tarifas sobre aço é uma "indicação", diz chanceler brasileiro

"Indicação" do governo norte-americano poderia suspender temporariamente as tarifas sobre o aço do Brasil durante negociações

Aço: ministro afirmou que existiria uma "indicação" do governo norte-americano de que poderia suspender temporariamente as tarifas sobre o aço do Brasil (Mark Blinch/Reuters)

Aço: ministro afirmou que existiria uma "indicação" do governo norte-americano de que poderia suspender temporariamente as tarifas sobre o aço do Brasil (Mark Blinch/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 22 de março de 2018 às 11h57.

Última atualização em 22 de março de 2018 às 11h58.

Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou nesta quinta-feira que existiria uma "indicação" do governo norte-americano de que poderia suspender temporariamente as tarifas sobre o aço do Brasil, enquanto os dois países negociam uma isenção permanente.

Na tarde de quarta-feira, em discurso na abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o presidente Michel Temer afirmou que o Brasil estaria isento durante as negociações, o que levou ao avanço das ações das siderúrgicas brasileiras.

"É uma indicação do governo americano. Eu ontem transmiti ao presidente Temer o comunicado, a notícia que veio da nossa embaixada americana que acabava de assistir a declaração do senhor Lighthizer (representante de Comércio dos EUA), e que ele diz exatamente isso, que o Brasil está incluído nesses países com os quais haverá uma busca de um entendimento e, enquanto as negociações perdurarem, a taxa poderá não ser aplicada", disse Aloysio Nunes em entrevista à rádio Jovem Pan.

O ministro se baseou em duas falas de Robert Lighthizer à uma comissão da Câmara dos Deputados, mas em nenhuma delas o representante de Comércio incluiu o Brasil entre os países que estarão isentos durante as negociações. Na primeira, o representante de Comércio afirmou que o Brasil será um dos que deverá começar a negociar em breve. "Um com quem vamos começar a negociar em breve é o Brasil", disse.

Em seguida, Lighthizer, depois de ser perguntado sobre o cronograma das negociações e decisões sobre aplicação ou não da nova tarifa, ele afirmou que os países sairão da lista dos sobretaxados a medida que as negociações forem concluídas, mas acrescentou que há exceções.

"Alguns países estão em uma posição em que as tarifas não serão aplicadas durante o curso das negociações, por exemplo Canadá, México e outros", disse Lighthizer. O Brasil não foi citado como sendo uma dessas exceções.

Ainda assim, Aloysio Nunes aparentemente interpretou que o Brasil seria enquadrado nessa situação.

"Ele (Lighthizer) disse que está pronto a começar, citou Brasil entre os países que começaram as conversas e disse também que enquanto as conversas estiverem em andamento essas taxas poderão não ser aplicadas", disse na entrevista à Jovem Pan, ressalvando que "nesse momento não foi suspensa, até porque não começou ainda ser aplicada".

As tarifas de 25 por cento nas importações de aço e de 10 por cento sobre o alumínio devem ser aplicadas ainda nesta semana.

Fontes ouvidas pela Reuters na noite de quinta-feira avaliaram como um "ruído de comunicação" a interpretação do ministro, repassada ao presidente, de que o Brasil estaria entre os isentos das novas tarifas durante a fase de negociação. Uma delas avaliou que isso poderá até acontecer mas que, por enquanto, apenas os países do Nafta - Canadá e México - estão nessa situação.

A fala de Temer mexeu diretamente com as ações das empresas siderúrgicas. A CSN fechou com alta de 5,46 por cento, enquanto Usiminas avançou 2,47 por cento e a Gerdau ganhou 1,52 por cento.

Uma porta-voz do representante do Comércio dos EUA não confirmou qualquer decisão sobre suspensão das tarifas para o Brasil.

Acompanhe tudo sobre:acoBrasilEstados Unidos (EUA)ExportaçõesMichel TemerMinistério das Relações ExterioresNegociaçõesTarifas

Mais de Economia

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês

Rui Costa diz que pacote de corte de gastos não vai atingir despesas com saúde e educação