Trabalhadores numa fábrica de carros em Qingdao, no sudoeste da China: o HSBC anunciou que setor industrial da China caiu em janeiro pela primeira vez em seis meses (AFP/Arquivos/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 17h53.
O superávit comercial da China subiu em janeiro, segundo dados publicados nesta quarta-feira, em uma possível boa notícia para a segunda maior economia do mundo depois de recentes decepções, apesar de alguns economistas sugerirem que os números podem estar distorcidos.
O superávit subiu a 14% na comparação anual em janeiro a US$31,86 bilhões, disse a Administração Geral das Alfândegas, se recuperando da queda do mês anterior.
As exportações subiram mais que o esperado, 10,6% a US$207,13 bilhões, enquanto as importações tiveram alta de 10% a US$175,27 bilhões.
A previsão média de uma pesquisa com 11 economistas do The Wall Street Journal previa apenas 0,1% de alta nas exportações, que subiram 4,3% em dezembro. Nesse mês, o superávit comercial caiu 17,4% na comparação anual a US$25,64 bilhões.
Os resultados surpreenderam os economistas, com alguns deles sugerindo que eles foram obtidos por fluxos de capital disfarçados ao invés da demanda real.
"Achamos esse forte nível do crescimento das exportações enigmático", escreveu Zhang Zhiwei, economista da Nomura International em Hong Kong em uma análise, acrescentando que "não estava claro até que ponto" isso indica a "verdadeira força" da economia da China.
"Nesse estágio, acreditamos que os fluxos de capital podem ter contribuído, pelo menos em parte, para os fortes dados do crescimento das exportações em janeiro".
Há muito tempo os analistas recebem as estatísticas econômicas chinesas com certo ceticismo.
No início do ano passado, oscilações incomuns nos dados de comércio foram vistos como impulsionadas por superfaturamento em uma tentativa de disfarçar os fluxos de capital, uma prática que o governo reprimiu mais tarde.
"Embora isso possa refletir em uma melhora da demanda externa, suspeitamos que as exportações superfaturadas ressurgiram", escreveram Liu Li-Gang e Zhou Hao do banco ANZ sobre os dados comerciais de janeiro.
"É importante observar que os parceiros comerciais regionais da China como Taiwan e Coreia do Sul registraram exportações muito fracas em janeiro", acrescentaram.
Contudo, outros analistas endossaram os dados. Os economistas da Barclays disseram em uma nota que eles "não veem claras evidências de negociações falsas".
"A recuperação do crescimento se baseou amplamente no destino das exportações e dos produtos", acrescentaram, observando que os embarques para a União Europeia e o Japão subiram em janeiro.
"A recuperação no mundo desenvolvido está em andamento".
O comércio anual de mercadorias da China superou a marca de US$4 trilhões pela primeira vez em 2013, quando o país provavelmente superou os Estados Unidos como a maior nação comercial.
Contudo, os recentes sinais para a economia têm sido mistos.
O índice dos gerentes de compras (PMI) oficial da China, uma medida de seu setor industrial, caiu para o menor nível em cinco meses em janeiro, confirmando uma desaceleração do setor.
Já o banco britânico HSBC anunciou que o setor industrial da China caiu em janeiro pela primeira vez em seis meses, com seu índice PMI registrando 49,5 pontos, abaixo da linha de crescimento.
Em 2013, a economia chinesa registrou um crescimento estável a 7,7% em 2013, mantendo seu menor ritmo de crescimento em mais de uma década.
O crescimento do PIB no último trimestre também foi de 7,7%, segundo informou o Escritório Nacional de Estatísticas no mês passado, caindo em relação aos 7,8% registrados nos três meses anteriores.
O PIB de 2013 foi o mesmo de 2012, a pior taxa de crescimento desde 1999, embora tenha superado a meta do governo para o ano, de 7,5%.
A economia chinesa deve desacelerar a 7,5% este ano, de acordo com a previsão média de uma pesquisa feita pela AFP com 14 economistas no mês passado.
A China é um importante player da economia global, mas acredita-se que o país enfrentará uma menor expansão nos próximos anos.
Os líderes prometeram mudar o modelo de crescimento do país para que os consumidores e outros atores privados desempenhem o papel principal, ao invés dos enormes e, às vezes, dispendiosos investimentos estatais.